quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

BBB13 - Análise 2ª Semana - Dhomini e a Babel dos veteranos



Chega ao fim a 2ª semana do BBB13, me deixando com uma certeza: jamais se deve subestimar a capacidade humana de surpreender. Motivo: na primeira semana do programa, a casa perdia dois de seus mais populares e divertidos participantes – Kléber Bambam, rei do efeito tico-e-teco, e o campeão da primeira edição (saído por desistência) e Aline, que já dispensa comentários (tendo, aliás, se transformado em uma celebridade instantânea com maior potencial “arroz de festa” dos últimos dias), eliminada pelo público – e deixava nos espectadores o gosto amargo do marasmo. Ou seja, imaginava-se que o BBB13 tornar-se-ia um spa relaxante para os demais participantes, que em nada contribuíam para tornar o programa interessante. E tome gente reclamando de ter gasto dinheiro em vão, assinando o pay-per-view!

 

Mas o mundo e o BBB dão voltas. E se os últimos sete dias não foram tão eletrizantes quanto a primeira semana – que contou com dois barracos em menos de 24 horas – não se pode chamá-los de desanimados. Big Brother é um jogo de convivência, de pessoas reunidas 24 horas por dia. Não se pode esperar que os participantes estejam todos, o tempo todo, ligados no 220 V. Edição nenhuma foi assim. Mas, sim, muitas coisas aconteceram. A saber:

 

- Um racha no grupo dos veteranos – Se a maioria esperava que os veteranos entrassem no programa com ares de experiência e técnicas para jogarem unidos e chegarem até o fim por esse mérito, estavam enganados. Dhomini bem que tentou manter a fleuma de “titio aconselhador”, no qual muitos novatos – como André, Andressa, Fernanda e Marien – caíram como patinhos. Provavelmente, ele não esperava que Aslan, Nasser e Ivan sacassem o seu jogo mais rápido do que os demais e resolvessem articular de já sua saída. O próprio Dhomini, na semana anterior, já havia comprado uma briga com Eliéser. Esse, por sua vez, quebrou o pau com Anamara por motivos anteriores à reentrada no programa, fazendo com que o grupo dos veteranos ficasse ainda mais dividido. De um lado, Anamara e Dhomini (ela uma fã inveterada do segundo). Do outro, Eliéser e Fani (a dupla que, de encoxada em encoxada, pretende passar o tempo no reality da maneira mais prazerosa possível). Natália permanece apagada, e Yuri, o “super chato” do BBB12, retornou mais contido. O certo é que unidos é que eles não estão.

 

- O romance e as crises de consciência de Nasser e Andressa – Formado com Ivan um trio de grandes amigos no jogo, Andressa e Nasser criaram um encantamento um pelo outro. Ela, no entanto, vivendo um namoro de 9 anos fora da casa, entra em crise por viver ou não essa relação do lado de dentro. A crise parece, aos poucos, ser vencida por um edredom e pelas investidas cada vez mais ousadinhas de Nasser. Vamos ver no que dá.

 

- A entrada de Kamilla – a musa da Casa de Vidro, ao entrar no BBB13 com Marcello, mostrou que não vinha apenas para bater palmas, ou pagar de coadjuvante. Seu exibicionismo e seu desejo de cantar aos quatro ventos já têm despertado uma divisão de opiniões na casa. Em verdade, a paraense parece ser uma jogadora muito mais inteligente do que tenta mostrar: aparecer o máximo possível diante da câmera, e fazer o papel da vítima perseguida pelas outras meninas da casa – que teriam, supostamente, inveja de sua espontaneidade – é uma arma interessante para permanecer no jogo. Em geral, o público adora as espontâneas vitimizadas, e o mal estar entre Kamilla e as demais parece uma bomba-relógio prestes a explodir.

 

- O caso do cachorro – Abafada pelo programa, mas com altas repercussões do lado de fora, a declaração de Dhomini, de que teria arrancado a machadadas os dentes de um cachorro de estimação do sítio de sua família pegou mal. Muito mal. A sociedade civil reverberou a fala do participante com notas de repúdio. Dhomini foi vilanizado como pessoa, e isso, associado ao fato de que já demonstrava desvio de caráter na casa, somou-se para sua indicação ao paredão.

 

E que paredão! Maroca, indicada pelo líder Ivan (também muito mais estrategista do que aparenta) enfrentou Dhomini, que levou seis votos da casa. Foram quase 48 horas de votação no ouro e fio, apertadíssima, despertando a curiosidade do público pelo imprevisível. Anamara, mais sensual, menos gralha, mas não menos autêntica. Dhomini, que refinara a canalhice que lhe rendeu a vitória, há 10 anos atrás. A popular La Maroquita do BBB10, ou o campeão Macunaíma do BBB3? A resposta em números, 54% dos votos, foi poetizada por Pedro Bial, que, parafraseando Karl Marx, anunciou: “A história se repete. Como farsa. Perdeu, campeão.”

 

A eliminação de Dhomini nos deixa um recado e uma indagação. O recado é que, nessa edição, pesquisas de popularidade dizem muito pouco: semana passada, Aline era a segunda mais querida nos números da UOL, e foi eliminada com rejeição alta contra um dos apáticos nessa pesquisa. Nessa semana, Dhomini disparava na frente como favorito a vencer, e é eliminado. Maroca está no páreo como candidata forte, mas saber se ela permanece em um paredão contra um dos novatos é uma incógnita. A indagação que paira é, mais uma vez, a dúvida inicial do público do programa: a casa do BBB13 se transformará em uma grande estufa de plantas? Mais uma vez, creio que não. E não só pelas novidades anunciadas por Boninho – o retorno do Big Fone e o misterioso “BBB Vai e Volta”. Mas, principalmente – concordando com Maurício Stycer – porque se tratam de seres humanos, e de sua capacidade infinita de se reinventarem. E a direção do programa se especializou, nesses treze anos de experiência, em contribuir para essa reinvenção.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

BBB13 - Análise 1ª Semana - Entre novatos e veteranos e envidraçados



E eis que a nave decolou! Depois de um ano, foi ao ar o Big Brother Brasil, atração principal da Rede Globo em janeiro, em sua 13ª edição. Apesar da audiência abaixo das edições anteriores (25 pontos), porém, nos padrões esperados para o horário em que o programa é exibido, essa edição, marcadaa por uma Casa de Vidro com 6 participantes, e com a entrada de 6 ex-BBBs, já vai ficar na história, talvez, por ter os primeiros sete dias mais movimentados de todas as do programa. Eis uma breve análise dos principais acontecimentos e personagens que marcaram a primeira semana da que se pretende a mais crazy de todas as edições do programa:

 
O início intenso do novo BBB tem alguns nomes, e, sem a menor dúvida, o principal deles é Aline. Versão “vida real” da Penha, personagem de Taís Araújo na novela Cheias de Charme, a recepcionista carioca é, por si só, um personagem. A cara do Big Brother Brasil, Aline não mede palavras nem atitudes, e age 20 vezes antes de pensar. Logo na primeira noite, comprou discussão com os veteranos Bambam e Eliéser, e não se arrependeu de uma palavra sequer que disse. Além de barraqueira em potencial, Aline se tornou famosa no programa por suas pérolas, como a frase: “Eu sou BRINDADA!”, ou a colocação “Todo mundo diz que pra entrar na Globo tem que dar pra alguém. Eu não dei pra ninguém e to aqui!”, dentre tantas outras, que fizeram a alegria do público nessa primeira semana. Mais do que uma participante marcante, Aline é daquelas figuras que chamam para si as atenções das câmeras durante a edição. Dá material para os produtores todos os dias, sendo, também, a alegria da direção. Fala pelos cotovelos, briga com colegas de confinamento ao vivo, age e reage. Não deu outra: sua indicação pro paredão seria óbvia. Mas vamos falar dela mais adiante. Voltemo-nos para os demais participantes.


A casa mais vigiada do Brasil ganhou veteranos que voltaram mais experientes. De Anamara, a gralha destabocada do BBB10, tivemos um pouco mais de contenção. De Natália, uma lava incandescente de luxúria no BBB8, tivemos uma decepcionante apatia. De Fani, igualmente lasciva no BBB7, uma personagem calculada para ser a mesma que entrou antes, só que diferente, se é que me entendem (ou não). A espontaneidade, enfim, não foi a marca das mulheres que retornaram ao programa. O mesmo, no entanto, não pôde se dizer dos homens: Dhomini, vencedor do BBB3, voltou, como ele mesmo disse, “sentindo-se em casa”, e fazendo da experiência que amealhou no programa uma arma fortíssima, que o faz candidato favorito ao prêmio nessa primeira semana (tendência que eu espero, sinceramente, que não se confirme). Eliéser retornou o mesmo idiota de sempre: equivocado, narcisista, cego para a opinião alheia. Já Kleber Bambam, junto com Aline, protagonizou a primeira semana. Seja nas múltiplas discussões que teve com muitos colegas de confinamento – a maioria pelo fato de ter “tirado onda” dos novatos na vitória da primeira prova do líder –, seja pela luta entre seus Tico e Teco e com o diretor do programa, pressão que o fez pedir pra sair do jogo, sendo substituído pelo Super Yuri, insuportável personagem da edição passada, que também parece mais contido agora. Vamos acompanhar.

 
Dentre os novatos, o perfil foi de multiplicidade, porém sem maiores estereótipos. A dançarina de flamenco Marien ainda não conseguiu dizer a que veio. A advogada mineira Fernanda parece ser o turbilhão sexual da edição – evidenciando, dessa forma, o tom “marcha lenta” do seu pretendente no programa, o modelo capixaba André. O artista plástico permabucano Aslan, que entrou com o potencial externo de tornar-se vilão da edição, tem se mostrado um esteio racional para os delírios dos colegas, o que só o faz ganhar pontos. O vendedor gaúcho Nasser se apresenta como um forte candidato ao prêmio, por aparentar ter um perfil carismático – especialmente para com um pretenso público adolescente – o que pode vir a crescer com seu flerte adocicado com a paranaense Andressa, ganhando a simpatia de uma parcela enternecida do público. Por fim, o professor de inglês Ivan, hega ao BBB com o projeto de provar que é possível chegar longe no programa usando de parcimônia e alguns tons de intelectualidade. Não é de se estranhar, conhecendo minha trajetória de simpatias no Big Brother, que eu sou um torcedor assumido dos três últimos perfis.

 
Aline e Ivan protagonizaram o primeiro paredão. A meu ver – e concordando com a análise no inspirado discurso de Pedro Bial – o único e imperdoável pecado de Aline foi o de ter entrado no programa a mil por hora, impondo sua personagem aos outros e ao público. Uma pena. A mesma Aline, com um pouquinho menos de azougue, poderia sagrar-se campeã da edição. Vingou, dessa maneira, a causa nerd no BBB, dando a Ivan a oportunidade de prosseguir com seu projeto – ou até mesmo de reformular sua estratégia.

 
Diferente de muitas opiniões que tenho visto e ouvido, não acho que o BBB13 perde a graça com a eliminação de Aline. Teremos, claro, menos pérolas. Mas há perfis potenciais no programa que ainda não se desenvolveram – e o fato de a casa ter recebido, na segunda-feira, os dois moradores que venceram a Casa de Vidro. Se confirmar-se a tendência contida nos perfis, Marcello vai fazer o papel de macho-alfa da edição, e Kamilla rodará a paraense na primeira oportunidade. Mas isso são cenas dos próximos capítulos.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

BBB Crazy - o zarpar da nova navilouca

Hora de vir com a tradicional postagem de estreia de uma nova edição do BBB. Pensei em fazê-la apenas após a primeira semana – e de postar análises semanais, coisa na qual ainda estou pensando, vamos acompanhar – mas não resisti a comentar agora os primeiros dias de programa.

 

De saída, é fato que sempre fui um expectador assíduo do BBB, e insisto em acompanhá-lo, apesar de reconhecer os defeitos crassos das últimas edições. Boninho tem, desde a estreia do reality, em 2002, apostado fichas na mesma receita, mas com temperos diferentes, a cada ano. E nisso, já tivemos cowboys, macunaímas, superpobrinhos e coloridos. As escolhas, despretensiosas e felizes das primeiras edições, foram levando a uma superespecialização, tanto da direção do programa quanto dos próprios candidatos, a optar por “BBBs profissionais” – subcelebridades, que vivem a vida intentando chegar até o programa – e, consequentemente, a uma perca da espontaneidade dos participantes. Essa estratégia bem que funcionou por algum tempo, mas começou a gorar, a meu ver, a partir da 9ª edição.

 

Como uma parábola que já se mostra em sua curva decrescente, o Big Brother Brasil já amargava, nas duas últimas edições (as duas seguintes ao exemplar BBB10, um hiato positivo nessa perca de qualidade), além da perca sucessiva de audiência, uma série de percalços. Seja na aposta em um time fraquíssimo em 2011, que levou à vitória de uma nulidade como Maria Melilo, seja na turma menos apelativa, mas igualmente fraca de 2012, que levou à vitória de Fael – que, um cowboy nos moldes do Rodrigo da 2ª edição, deixou a todos com um gosto travoso de déjà vu. Tudo isso associado ao constrangedor caso de suposto estupro, durante a edição passada, o que só acentuou os holofotes negativos, a onda de críticas da imprensa marrom, entidades pseudomoralistas e canais rivais – e, o pior de tudo, a perda de vários anunciantes.

 

Diante de um momento de inegável crise, a pergunta era: o que fazer? Apesar dos pesares, o Big Brother tornou-se uma instituição difícil de se ignorar na TV brasileira. Seja pelos fãs ardorosos, seja pelos críticos igualmente fanáticos, é possível dizer tudo, menos que o programa não causa alvoroço, disse-me-disse, babado, confusão e gritaria. É nesse contexto que surge a 13ª edição – à qual Pedro Bial resolveu chamar de “BBB Crazy” –, que estreou na última terça-feira (8), com mais do mesmo travestido de cara nova.

 

Esse ano, o reality investiu em dois elementos de sucesso em edições anteriores: a Casa de Vidro, que marcou a 9ª edição, e a volta de ex brothers, que foi uma das principais vedetes da edição de número 10. No envidraçado colocado no Santana Parque Shopping de São Paulo, foram confinados 6 participantes, aspirantes a BBBs, que inauguraram os trabalhos do programa antes mesmo da estreia, como uma espécie de aquecimento das turbinas. Estratégia acertadíssima de Boninho, a Casa de Vidro fez com que o BBB começasse dias antes, tanto para os visitantes do Shopping, quanto para o público do site do programa, que pôde acompanhar, de já, as peripécias de André, Bernardo, Kamilla, Kelly, Marcello e Samara. Diferente do que aconteceu nas edições anteriores, onde a Casa de Vidro era apenas uma exposição de micos amestrados, dessa vez, a morada cristalina guarda um programa paralelo, com intrigas, estratégias e pseudorromances próprios. Destaque para o brasiliense André Coelho e para a curitibana Kelly Baron, que estão apelando pro sex appeal, bem como para a paraensa Kamilla Salgado, “complicada e perfeitinha”, que já começou a balançar as estruturas da casa com algumas discussões de relação. Ela e o carioca bonitão Marcello Soares são candidatos fortíssimos a entrar no programa hoje à noite.

 

Quanto aos ex-BBBs, o critério de escolha foi o fato de terem “causado” nas edições em que estiveram. E nisso, tivemos a entrada de Anamara (BBB10), Eliéser (BBB10), Fani (BBB7), Natália (BBB8), além dos vencedores Kleber Bambam e Dhomini, respectivamente da primeira e da terceira edição do reality. Todos escolhas acertadas – a meu ver, nenhum pra ganhar, mas todos para movimentar a casa – à possível exceção de Eliéser, que me pareceu uma escolha desnecessária, podendo muito bem ter seu lugar ocupado, por exemplo, pelo Dr. Rogério do BBB5, ou qualquer outra pessoa que tivesse pisado na casa. Mas enfim.

 

Os participantes novatos que entraram direto na casa constituem um grupo interessante sem ser apelativo, uma combinação que se imaginava impossível, em termos de Big Brother Brasil, até então. Atendendo à opinião do público de que faltava conteúdo nos brothers, a produção optou por alguns candidatos que podem tirar seu carisma de um papo inteligente, como o pernambucano Aslan, o paulista Ivan e o gaúcho Nasser. O galã capixaba André também não parece ser um tipo vazio. Dentre as mulheres, o perfil “bonitas, mas com conteúdo” também é marcante, quando observamos a esteticista paranaense Andressa, bem como a advogada e a dançarina de flamenco mineiras, Fernanda e Marien. A única exceção a essa regra é a carioca Aline, uma versão real life da Penha, personagem de Taís Araújo em Cheias de Charme, que tem arrebanhado quase tantas gargalhadas quanto gritos de fúria com seu carioquês, suas gírias suburbanas e seu jeito estourado.

 

Pelo que se notou na prova do líder que se realizou ontem, a ideia dos primeiros dias do programa é opor veteranos e novatos – o que, aparentemente, não será difícil. Outro gol de Boninho. O programa começou pegando fogo, com discussões, boas provas e doses de carisma. Podemos estar diante na melhor edição do BBB dos últimos três anos – pelo menos.