sábado, 17 de novembro de 2012

Outsiders - eu e a afetividade



É sempre a mesma sensação estranha, toda vez que eu releio The Outsiders. Não é a primeira vez que a leitura do livro vem acompanhado de uma onda melancólica. Ou isso, ou eu só pego o livro quanto estou melancólico - vai entender. O fato é que acontece. Falar sobre essa sensação é complicado, porque é complicado pra mim mesmo entendê-la. Mas eu insisto em tentar.
 
Já faz um ano desde a primeira vez, mas eu me pego não só com o mesmo sentimento, como me percebo ainda dono de uma afetividade em construção. Caramba... sempre me afetou com força histórias de amor e cumplicidade entre irmãos ou amigos. Mas esse livro tem uma força diferente. Talvez por tratar de uma situação adversa - jovens que se viram sozinhos, são párias sociais, à margem mesmo, e mesmo assim, se divertem, curtem, brigam, defendem o que acham. Um mundo onde um companheiro vale entrar numa luta com fim incerto.
 
O livro me afeta porque o leio sempre que vivo um momento de incerteza. Sempre que estou repensando a minha forma de me relacionar com os outros. Parece bobagem, mas ele representa a minha insegurança nos caminhos da alma alheia, onde há dúvidas se o pecado recai mais na omissão ou na invasão - as duas igualmente fatais.
 
Compreender o outro, pra mim, é tão difícil quanto é pro jovem Ponyboy, protagonista do livro, entender porque greasers e socs vivem se estranhando. A mesma dúvida de sempre... existe caminho certo em alguns labirintos humanos? Ou eu estou fadado a viver procurando, acertando, errando, fazendo gols e dando bolas fora - ad infinitum?
 
Difícil por parecer corriqueiro... assim como é corriqueiro pra Pony ver seus dois irmãos, Darry e Sodapop, e achar que eles são como são. O livro termina mostrando, a Pony, a mim e a qualquer outro leitor, que havia um afeto tão intenso entre eles que era impossível de se expressar em palavras. Difícil era desvendar a alma de Darry, aquela alma que parecia ser tão dura e fria, mas que guardava um amor fraterno que extrapolava os limites. Difícil descobrir que uma lágrima sobrevivia ao bom humor de Soda. Mais difícil ainda era entender que todos esses sentimentos sobreviviam, fortes, debaixo de uma onda de problemas de todos os tamanhos.
 
É... cada leitura de The Outsiders me ensina uma lição diferente, que eu ainda não aprendi a pôr em prática. Mas vou continuar lendo, pra desaprender um pouco a ser racional, e aprender um pouco mais a ser humano.