domingo, 26 de setembro de 2010

Entrevista com Eduardo Secco, autor de A Estreia, a mais nova minissérie da Internet


Ele cresceu assistindo novelas e seriados, influenciados pela família, em especial pela madrinha. Curioso do assunto, desde cedo começou a reunir material sobre diversos autores de novela, em especial Walther Negrão. Já colaborou com o renomado site Teledramaturgia (www.teledramaturgia.com.br), de Nilson Xavier. Foi vencedor do Video Game, quadro do Video Show apresentado por Angélica. Agora, depois de tempos como roteirista amador, Eduardo Secco, o Duh, 23 anos, estreia em com sua primeira série para a Internet, A Estreia. O projeto, no ar no site www.canalcasablanca.com.br, fala sobre jovens e suas relações, um dos temas prediletos do autor.

Às vésperas da estreia do seriado, Duh concedeu essa entrevista ao SuperCult, onde fala da “transpiração” que é escrever roteiros, do processo de produção e da inspiração para falar de um tema literalmente temperamental.


SC – Duh, esta minissérie é a concretização de um sonho seu, e seria a de qualquer autor em início de carreira: escrever com produção. Como está a sua expectativa para essa estreia?

Duh – É a concretização de um sonho mesmo, Fábio. Um sonho que eu julgava distante, mas que, felizmente, virou realidade, mais cedo do que eu esperava (rs). Minha expectativa é a melhor possível. Creio eu que fizemos um bom trabalho, tanto de texto, quanto direção, produção e elenco. Me sinto contente também por estar envolvido em uma produção cuja exibição vai se dar na internet. A internet é um mercado em expansão, principalmente para produções dramatúrgicas. Basta ver o sucesso que as tramas da Globo fazem na rede. A emissora já sacou isso e agora produz conteúdo extra para suas produções na internet. É uma iniciativa inovadora. Assim como, de certa forma, A Estreia também é.


SC – De onde surgiu a ideia para escrever a minissérie?

Duh – A ideia partiu da encomenda. Sabíamos que a minissérie era a etapa final de um curso de interpretação que estava rolando em Curitiba. Os alunos se prepararam durantes meses e aqueles que mais se destacaram ao longo desse tempo, formariam o elenco da minissérie (acabou que encaixamos praticamente todos os alunos no projeto, em participações ao longo dos capítulos). Como a faixa etária dominante entre os alunos era ali, entre 20 e 30 anos, já tínhamos noção de que a trama deveria ter personagens em torno desta idade. Paralelo a isso, acho que rolou, principalmente de minha parte, uma influência por conta da fase que estava vivendo durante a concepção da sinopse. Saindo da faculdade, sem saber o que fazer da minha vida, com medo do desemprego. É uma fase em que o jovem está em uma falta de perspectiva tremenda! Para atravessar essa fase, me apoiei na família e nos amigos. As oportunidades foram surgindo, um bico de vez em quando, a vontade de investir. Essa é ideia central da minissérie. São jovens em início de carreira, loucos pra progredir profissionalmente e se livrar dos estágios não-remunerados (rs). Enquanto não conseguem sair dessa vida de estudante, eles dividem seus dilemas com os que estão ali, próximos, os amigos e tal. Reflete um pouco também a trajetória dos alunos que formam o elenco, começando uma nova etapa após o curso e a gravação da minissérie. Daí, veio a ideia. Para ligar todos esses jovens, precisávamos de uma trama romântica. Raphael [Paiva, coautor da trama] foi quem desenvolveu um primeiro argumento. Fomos criando até chegar em Celo e Mônica.



SC – Os jovens e o contexto que os cerca parecem ser os seus temas favoritos. Por quê?

Duh – Não sei se são meus temas favoritos. Gosto de falar, antes tudo, das relações humanas, sejam elas entre os jovens ou entre indivíduos de outras faixas etárias. Gosto de tramas simples, bem ao estilo Walther Negrão e Ivani Ribeiro. Nada muito pretensioso. A Estreia tem muito dos jovens pelas questões que já comentei na resposta anterior. E acho que por ainda ser jovem (só 23 anos), eu me sinto mais a vontade escrevendo tramas voltadas para esse universo. As situações estão mais próximas das que eu vivencio com meu grupo de amigos, com a minha família. Acho que isso torna a criação mais fácil.


SC – Pra você, qual a importância do diálogo com a equipe de direção/produção?

Duh – É vital! Dividi a coautoria da minissérie com um grande amigo, o Raphael Paiva. Foi ele quem recebeu o convite da produtora e me chamou para colaborar. Com o desenrolar do projeto, dividimos as tarefas por igual, o que implicou na coautoria. Sempre tive contato com a direção também. Troca de e-mails constante. Nisso, discutimos desde o ritmo do projeto até a escolha do título. A abertura que tivemos é sem igual!


SC – Como é o seu ritmo de trabalho? Tem uma rotina disciplinada ou faz o tipo caótico?

Duh – Nesse primeiro trabalho, em especial, foi caótico! (rs) Tentei ser disciplinado, mas não deu muito certo. Quer dizer, até a entrega da sinopse, foi tudo bem. Mas quando começamos os roteiros... (haha) Eu e o Raphael conversávamos o tempo todo, via e-mail ou MSN. Tentávamos organizar tudo, mas a rotina de ambos andava meio complicada no período em que estávamos trabalhando. Precisei conciliar os roteiros com o estágio da faculdade (em ortopedia ainda por cima, o meu fantasma!) e a execução da minha monografia. Foi uma loucura! Só conseguia me organizar nos finais de semana. Passava o dia em frente ao computador. Quando não estava escrevendo, selecionava músicas que possuíssem uma identificação com as personagens ou com a situação em voga. Não consigo escrever sem música! E não consigo sair do MSN, mesmo quando estou escrevendo, o que contribui pra esse ritmo louco. No final, deu tudo certo, graças a Deus.


SC – Em sua opinião, a entrada da Internet em meios que se popularizaram através da televisão – como a dramaturgia – pode aumentar a migração de público para este veículo?

Duh – Eu acredito que exista público para todos os veículos. Quem cresceu vendo televisão, por mais que acompanhe uma coisa ou outra via internet, não vai abrir mão de assistir suas atrações preferidas na TV. Outros passam o dia na internet, trabalhando ou mesmo matando tempo, o que torna mais cômodo o acesso a atrações do gênero via rede. Esse tipo de público é cada vez maior. Basta ver o número de acessos aos capítulos das novelas da Globo, crescendo cada dia mais. A internet possibilita uma experimentação que já não cabe mais na televisão, por conta das medidas absurdas tomadas nos últimos tempos, envolvendo classificação indicativa e coisas do tipo. As medidas têm seu lado positivo, mas contribuíram e muito para uma estagnação da TV. A internet está no sentido oposto. Permite novas experiências a cada dia. Acho que aí é que o público foge pra rede. Eu, particularmente, me divido entre os dois veículos. E espero continuar produzindo para a internet, ao mesmo tempo em que pretendo, um dia, ingressar na televisão (se Deus quiser!).


SC – O que as pessoas podem esperar, ao assistirem sua série?

Duh – Sinceramente, não sei. Acho que cada pessoa vai ver de uma forma. Os jovens podem se identificar com os conflitos abordados; os mais velhos podem entender a mentalidade dessa juventude incompreendida. A minissérie oferece tudo o que uma boa minissérie deve oferecer: muito romance; uma pitada de suspense; situações engraçadas. Eu espero que, ao assistirem, as pessoas se envolvam com a história. Que o número de acessos seja alto e os comentários positivos.


Duh – Posso agradecer? Antes de tudo, Deus e meus pais. Depois, ao Raphael, pessoa que amo de todo o meu coração e a quem sou eternamente grato por estar comigo nessa jornada, e a direção, pela confiança em duas pessoas quase que inexperientes, e por terem feito o melhor possível para a realização dessa minissérie. Ao pessoal do Chat Memória da TV (em especial, Gui Staush, Paulinho Diniz e Ivan Gomes); amigos queridos, como Walter de Azevedo, a primeira pessoa que me incentivou a escrever; Eddy Fernandes, que, assim como o Walter, se propôs a ler os roteiros e dar um parecer; e Vitor Santos e Renata Dias Gomes, que me deram várias dicas sobre a técnica dos roteiros, quando me vi em apuros. E a você, responsável pela minha primeira entrevista com roteirista! Sucesso a você e ao SuperCult!


SC Quem agradece sou eu, Duh! Eu e todos os leitores do SuperCult que, com certeza, terão o maior prazer de acompanhar A Estreia via Internet. Temos certeza que essa será apenas a sua porta de entrada nesse louco e fantástico mundo da dramaturgia!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Janete Clair: o "temperinho de mãe" que fez história na teledramaturgia


Ela ficou conhecida como "Maga da Oito" e "Usineira de Sonhos". Escreveu alguns dos maiores sucessos da teledramaturgia brasileira em todos os tempos. Fez história quando sua novela, Selva de Pedra, marcou 100% de audiência, consolidando a telenovela como uma paixão nacional. Trouxe os homens para frente da TV, assistindo todos os dias às viradas dramatúrgicas de Irmãos Coragem. O mito que se formou em torno de seu nome faz de Janete uma das figuras mais reverenciadas da arte brasileira em todos os tempos. Mas existia uma mulher por trás do mito. Havia a esposa, a mãe, a avó, a amiga. Quem era, afinal, Janete Clair?

Quem nasceu Janete Stocco Emmer, em Conquista (MG), apaixonou-se por arte. Amava música, chegando a incluir "Clair" em seu nome artístico, em homenagem ao "Clair de Lune", de Debussy. Casada com Dias Gomes, considerado um dos maiores teatrólogos brasileiros, teve quatro filhos: Guilherme, Alfredo, Denise e Marcos Plínio. E, mesmo casada, mãe e esposa, Janete conseguiu exercer sua paixão pela dramaturgia. Expressa, primeiro, nas atuações em radionovelas da Rádio Tupi-Difusora e, em seguida, na escrita destas para a Rádio Nacional, conquistou espaço e público para um veículo que viria, rapidamente, a tornar-se o mais visto do país: a televisão.

Na TV Tupi, de São Paulo, escreveu suas primeiras novelas. O universo dramatúrgico, ainda preso às histórias passadas em países distantes, foi o local onde Janete exercitou uma função mágica: a de convencer pessoas, dia após dia, a acompanhar uma história, contada em pedaços, encerrada todo dia com uma situação sensacionalmente atraente.

O talento da ainda jovem escritora a levou até a Globo, onde fora chamada para apagar um grande incêndio. Este incêndio chamava-se Anastácia, a Mulher sem Destino, novela escrita por Emiliano Queiroz que, cara e lotada de personagens, tinha audiência decadente. Janete foi chamada para dar uma solução rápida para aquela história. Causou um terremeto, destruindo a ilha onde a história se passava, matando a maioria do personagens e fazendo a trama avançar 20 anos, contando-a a partir dos descendentes dos personagens restantes.

A Globo, neste momento, via sua dramaturgia transformar-se fatalmente. A estreia de Beto Rockfeller, na Tupi, em 1968, virava de ponta-cabeça tudo que já havia sido feito em termos folhetinescos no país. A história se passava em São Paulo, tinha diálogos coloquiais e personagens parecidos com os telespectadores. O sucesso imediato invadiu a TV como tsunami, e atingiu Glória Magadan, então diretora de dramaturgia da Globo, e afeita das latinas e chorosas novelas de então. Janete, junto com Dias Gomes, Vicente Sesso, Walther Negrão e Bráulio Pedroso, foram responsáveis por trazer aquela revolução na linguagem novelesca à emissora carioca. Janete veio com Véu de Noiva (1969), adaptação de uma de suas radionovelas, e mostrou que sim, podia escrever histórias com aquele teor cotidiano.

Em seguida, os grandes sucessos: Irmãos Coragem, Selva de Pedra, O Homem que Deve Morrer, O Semideus, Pecado Capital, O Astro, apenas para citar alguns. Seja escrevendo novelas que, sucessivamente, estreavam no horário nobre com seu nome na autoria, seja alternando-se com outros autores.

Mas Janete não era só uma mulher de sucesso. Sua vida como autora era, na verdade, um reflexo de sua vida pessoal, familiar. Escrevia enquanto cuidava dos filhos e do marido. Em entrevista divulgada no livro "A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo", Glória Perez reproduziu uma de suas afirmações a respeito: "Se os homens ficam nervosos, estressados, todo mundo entende. Mas estresse de mulher no trabalho é chilique ou falta de homem" (p. 123).

Janete era dona de um despudor único como dramaturga. Conhecia como ninguém o folhetim, e tratava-o sem amarras, sem vergonhas. Na mesma entrevista, Glória depõe sobre Janete, sem dúvida sua maior referência: "As pessoas a criticavam muito. E de modo grosseiro, até. 'Louca', 'delirante' [...]. Agora virou cult. Todo mundo a respeita, mas, na época, ela foi muito achincalhada. Um dos poucos que conseguiam enxergar sua estatura foi Nelson Rodrigues. Janete escreveu grandes cenas do folhetim" (p. 128).

Enquanto a crítica negava-se a enxergar o talento de Janete Clair, o público a brindava com uma massiva audiência. Suas novelas batiam recordes. Eram, sem dúvida, as mais assistidas e comentadas da emissora. Janete tinha um diferencial em relação a qualquer outro autor. Em muitos depoimentos pessoais, aqueles que a conheceram afirmam que Janete tinha um "tempero de mãe" em seu texto. Algo inexplicável, mas que influenciava de forma decisiva as sensações das pessoas envolvidas na produção, e no público, que apaixonava-se pelos seus personagens e situações.

Dias e Janete conviviam na mesma casa. Já eram, a esta altura, consagrados como dois dos maiores novelistas da época. Mas tinham estilos distintos. Enquanto Dias escrevia novelas intelectuais, Janete era uma autora popular. Dias retratava, em seus supostos estereótipos, a realidade brasileira. Fazia de uma aldeia o mundo. Janete, por sua vez, levava ao grande público a realidade que este gostaria de viver. Fazia da fantasia e dos sonhos suas grandes armas, que a aproximava do povo.

Os apaixonados por telenovela têm Janete, no mínimo, como uma parada obrigatória, algo que devem sempre considerar, estudar, reverenciar. Para muitos, além disso, ela é um exemplo. Uma referência maior, que sempre será atual, como sempre serão atuais o folhetim e os dramas humanos.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Momento Merchan - I Seminário de Administração de Piracuruca


Em 2008, inicia-se em Piracuruca a primeira turma de Administração de Empresas, trazida através da UAPI, Universidade Aberta do Piauí, que, juntamente com Sistema de Informação, e as licenciaturas em Física e Química, foram os primeiros cursos via EaD a funcionarem na cidade. O curso vem a corroborar com o aprendizado de quem pretende participar ativamente da economia do país, seja como empreendedores, seja na administração pública.

Partindo da necessidade de ampliar as discussões a respeito dos problemas e necessidades existentes na cidade e no Estado, no tocante às questões de gestão, e buscando viabilizar a troca de conhecimentos e experiências dos acadêmicos de Administração com professores e empresários, a turma do pólo Território dos Cocais realiza o I Seminário de Administração de Piracuruca, onde serão debatidos temas de grande relevância local e regional.

O evento será realizado nos dias 17 e 18 de setembro de 2010. Todos os interessados, sejam bem-vindos ao evento. Para inscrições, entrar em contato com os alunos do curso.