Ele cresceu assistindo novelas e seriados, influenciados pela família, em especial pela madrinha. Curioso do assunto, desde cedo começou a reunir material sobre diversos autores de novela, em especial Walther Negrão. Já colaborou com o renomado site Teledramaturgia (www.teledramaturgia.com.br), de Nilson Xavier. Foi vencedor do Video Game, quadro do Video Show apresentado por Angélica. Agora, depois de tempos como roteirista amador, Eduardo Secco, o Duh, 23 anos, estreia em com sua primeira série para a Internet, A Estreia. O projeto, no ar no site www.canalcasablanca.com.br, fala sobre jovens e suas relações, um dos temas prediletos do autor.
Às vésperas da estreia do seriado, Duh concedeu essa entrevista ao SuperCult, onde fala da “transpiração” que é escrever roteiros, do processo de produção e da inspiração para falar de um tema literalmente temperamental.
SC – Duh, esta minissérie é a concretização de um sonho seu, e seria a de qualquer autor em início de carreira: escrever com produção. Como está a sua expectativa para essa estreia?
Duh – É a concretização de um sonho mesmo, Fábio. Um sonho que eu julgava distante, mas que, felizmente, virou realidade, mais cedo do que eu esperava (rs). Minha expectativa é a melhor possível. Creio eu que fizemos um bom trabalho, tanto de texto, quanto direção, produção e elenco. Me sinto contente também por estar envolvido em uma produção cuja exibição vai se dar na internet. A internet é um mercado em expansão, principalmente para produções dramatúrgicas. Basta ver o sucesso que as tramas da Globo fazem na rede. A emissora já sacou isso e agora produz conteúdo extra para suas produções na internet. É uma iniciativa inovadora. Assim como, de certa forma, A Estreia também é.
SC – De onde surgiu a ideia para escrever a minissérie?
Duh – A ideia partiu da encomenda. Sabíamos que a minissérie era a etapa final de um curso de interpretação que estava rolando em Curitiba. Os alunos se prepararam durantes meses e aqueles que mais se destacaram ao longo desse tempo, formariam o elenco da minissérie (acabou que encaixamos praticamente todos os alunos no projeto, em participações ao longo dos capítulos). Como a faixa etária dominante entre os alunos era ali, entre 20 e 30 anos, já tínhamos noção de que a trama deveria ter personagens em torno desta idade. Paralelo a isso, acho que rolou, principalmente de minha parte, uma influência por conta da fase que estava vivendo durante a concepção da sinopse. Saindo da faculdade, sem saber o que fazer da minha vida, com medo do desemprego. É uma fase em que o jovem está em uma falta de perspectiva tremenda! Para atravessar essa fase, me apoiei na família e nos amigos. As oportunidades foram surgindo, um bico de vez em quando, a vontade de investir. Essa é ideia central da minissérie. São jovens em início de carreira, loucos pra progredir profissionalmente e se livrar dos estágios não-remunerados (rs). Enquanto não conseguem sair dessa vida de estudante, eles dividem seus dilemas com os que estão ali, próximos, os amigos e tal. Reflete um pouco também a trajetória dos alunos que formam o elenco, começando uma nova etapa após o curso e a gravação da minissérie. Daí, veio a ideia. Para ligar todos esses jovens, precisávamos de uma trama romântica. Raphael [Paiva, coautor da trama] foi quem desenvolveu um primeiro argumento. Fomos criando até chegar em Celo e Mônica.
SC – Os jovens e o contexto que os cerca parecem ser os seus temas favoritos. Por quê?
Duh – Não sei se são meus temas favoritos. Gosto de falar, antes tudo, das relações humanas, sejam elas entre os jovens ou entre indivíduos de outras faixas etárias. Gosto de tramas simples, bem ao estilo Walther Negrão e Ivani Ribeiro. Nada muito pretensioso. A Estreia tem muito dos jovens pelas questões que já comentei na resposta anterior. E acho que por ainda ser jovem (só 23 anos), eu me sinto mais a vontade escrevendo tramas voltadas para esse universo. As situações estão mais próximas das que eu vivencio com meu grupo de amigos, com a minha família. Acho que isso torna a criação mais fácil.
SC – Pra você, qual a importância do diálogo com a equipe de direção/produção?
Duh – É vital! Dividi a coautoria da minissérie com um grande amigo, o Raphael Paiva. Foi ele quem recebeu o convite da produtora e me chamou para colaborar. Com o desenrolar do projeto, dividimos as tarefas por igual, o que implicou na coautoria. Sempre tive contato com a direção também. Troca de e-mails constante. Nisso, discutimos desde o ritmo do projeto até a escolha do título. A abertura que tivemos é sem igual!
SC – Como é o seu ritmo de trabalho? Tem uma rotina disciplinada ou faz o tipo caótico?
Duh – Nesse primeiro trabalho, em especial, foi caótico! (rs) Tentei ser disciplinado, mas não deu muito certo. Quer dizer, até a entrega da sinopse, foi tudo bem. Mas quando começamos os roteiros... (haha) Eu e o Raphael conversávamos o tempo todo, via e-mail ou MSN. Tentávamos organizar tudo, mas a rotina de ambos andava meio complicada no período em que estávamos trabalhando. Precisei conciliar os roteiros com o estágio da faculdade (em ortopedia ainda por cima, o meu fantasma!) e a execução da minha monografia. Foi uma loucura! Só conseguia me organizar nos finais de semana. Passava o dia em frente ao computador. Quando não estava escrevendo, selecionava músicas que possuíssem uma identificação com as personagens ou com a situação em voga. Não consigo escrever sem música! E não consigo sair do MSN, mesmo quando estou escrevendo, o que contribui pra esse ritmo louco. No final, deu tudo certo, graças a Deus.
SC – Em sua opinião, a entrada da Internet em meios que se popularizaram através da televisão – como a dramaturgia – pode aumentar a migração de público para este veículo?
Duh – Eu acredito que exista público para todos os veículos. Quem cresceu vendo televisão, por mais que acompanhe uma coisa ou outra via internet, não vai abrir mão de assistir suas atrações preferidas na TV. Outros passam o dia na internet, trabalhando ou mesmo matando tempo, o que torna mais cômodo o acesso a atrações do gênero via rede. Esse tipo de público é cada vez maior. Basta ver o número de acessos aos capítulos das novelas da Globo, crescendo cada dia mais. A internet possibilita uma experimentação que já não cabe mais na televisão, por conta das medidas absurdas tomadas nos últimos tempos, envolvendo classificação indicativa e coisas do tipo. As medidas têm seu lado positivo, mas contribuíram e muito para uma estagnação da TV. A internet está no sentido oposto. Permite novas experiências a cada dia. Acho que aí é que o público foge pra rede. Eu, particularmente, me divido entre os dois veículos. E espero continuar produzindo para a internet, ao mesmo tempo em que pretendo, um dia, ingressar na televisão (se Deus quiser!).
SC – O que as pessoas podem esperar, ao assistirem sua série?
Duh – Sinceramente, não sei. Acho que cada pessoa vai ver de uma forma. Os jovens podem se identificar com os conflitos abordados; os mais velhos podem entender a mentalidade dessa juventude incompreendida. A minissérie oferece tudo o que uma boa minissérie deve oferecer: muito romance; uma pitada de suspense; situações engraçadas. Eu espero que, ao assistirem, as pessoas se envolvam com a história. Que o número de acessos seja alto e os comentários positivos.
Duh – Posso agradecer? Antes de tudo, Deus e meus pais. Depois, ao Raphael, pessoa que amo de todo o meu coração e a quem sou eternamente grato por estar comigo nessa jornada, e a direção, pela confiança em duas pessoas quase que inexperientes, e por terem feito o melhor possível para a realização dessa minissérie. Ao pessoal do Chat Memória da TV (em especial, Gui Staush, Paulinho Diniz e Ivan Gomes); amigos queridos, como Walter de Azevedo, a primeira pessoa que me incentivou a escrever; Eddy Fernandes, que, assim como o Walter, se propôs a ler os roteiros e dar um parecer; e Vitor Santos e Renata Dias Gomes, que me deram várias dicas sobre a técnica dos roteiros, quando me vi em apuros. E a você, responsável pela minha primeira entrevista com roteirista! Sucesso a você e ao SuperCult!
SC – Quem agradece sou eu, Duh! Eu e todos os leitores do SuperCult que, com certeza, terão o maior prazer de acompanhar A Estreia via Internet. Temos certeza que essa será apenas a sua porta de entrada nesse louco e fantástico mundo da dramaturgia!
Conheço Duh desde 2007 e passamos por uma longeva fase de hiato, só retornando o contato mais constante nesse 2010. Não tinha, contudo, acesso a sua obra. O talento sempre era exaltado pelos amigos, e me despertou curiosidade, mas bastou ele me falar do projeto da ESTREIA, de sua temática que pude comprovar sua dedicação ao ofício e a sensibilidade imbutida. Nada mais contemporâneo ao momento que ele vivencia - o pós faculdade. Uma etapa muito dificil e delicada de nossas vidas, ele consegue imprimir bem isso com a minissérie. Quem sabe não são mesmo vários alter egos do moço também mostrados ali?
ResponderExcluirSó desejo sucesso, nas maiores proporções! Essa entrevista ao Supercult está ótima!
Parabéns aos dois!
Amei a entrevista! Que grata surpresa! Quanto ao entrevistado, além de ter um carinho todo especial pela pessoa amável que ele é, sou fã de carteirinha dos textos que excreve e tenho certeza de que sua "estreia" será com o pé direito. Apenas o inicio de uma vitoriosa carreira. Nem preciso dizer que amei ter sido citado, né? Rapazes, parabéns para vcs e para o Fábio também, pela ideia ótima da entrevista e pela forma brilhante como foi conduzida. Vou já colocar um link no melão no post de "A estreia". Golaço de placa do SuperCult. Beijos e abraços em todos!
ResponderExcluirParabens Duh! seu texto é maravilhoso! siga esse caminho! é o seu, de direito!
ResponderExcluirParabéns Duh, Obrigado mais uma vez pelo presente, dar vida ao Celo foi um prazer imenso. Parabéns Fábio pela entrevista e por admirar esse trabalho também.
ResponderExcluirEverton Montvisk
Já estou assistindo ao primeiro capítulo de "A Estreia". Sucessso para o amigo Duh!
ResponderExcluirAssim vocês me levam as lágrimas!
ResponderExcluirTH, certamente tem muito do Duh em vários personagens ali. E dos amigos, das pessoas que conheci antes, durante e depois da faculdade. Obrigado pelos votos viu, queridão? Muito bom ter retomado o contato contigo.
Vitinho, seu nome tinha que estar ali! Você é um dos meus maiores incentivadores. Um verdadeiro mestre, um guia! Te adoro muito!
Ivanzinho, já não sei mais como agradecer tanta amizade, carinho e afeto. Pessoa especial na minha vida!
Everton, meu queridão, que fez o “Celo” se tornar real. Sucesso pra nós, menino!
E Gui, meu amado mestre. rs. Bom contar com sua audiência! ;)
Agradecendo mais uma vez ao Fábio, pela oportunidade.
Bjs, queridos!
Tem nada que agradecer, pessoa! O mérito é todo seu e da equipe que participa desse ótimo projeto.
ResponderExcluirTH, Vitor, Ivan, Everton e Gui, é sempre um prazer recebê-loa aqui no SuperCult!
Cheguei atrasado, mas estou aqui. Primeiramente, gostaria de agradecer ao meu querido Duh, pela lembrança. E saiba que não foi esforço nenhum ler os seus roteiros. Teu texto é muito bom, fluido, natural. Existe uma familiaridade nos teus diálogos que é uma coisa difícil de encontrar. Tão logo comecei a ler os capítulos da Estreia, me identifiquei com os personagens - todos de carne e osso, sem caricatura - eles eram muito possíveis, muito verossímeis. Essa humanidade é uma qualidade tua. Você está no caminho certo, pessoa. Prossiga... e evidente, não esqueça da gente. Parabéns. SUCESSO
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