sexta-feira, 22 de abril de 2011

Affective memory: as melhores baladas românticas dos anos 80

Há quanto tempo que eu não fazia uma lista. Já estava com saudades de ser criticado pelas minhas escolhas... rsrsrs. Brincadeira. Sei que os leitores desse blog são de uma educação e de uma compreensão sem igual, e que sempre compreendem que se trata de uma memória afetiva, chegando, por vezes (olha só!), a concordar com meu gosto.

Hoje resolvi falar de romantismo à flor da pele. Afinal, mesmo quem não viveu, o que é o meu caso, tem saudade dos anos 80. Não só pelas suas roupas profundamentes coloridas e pelo florescente liberalismo pós-moderno que se consolidava, mas por um novo postar-se perante a sociedade. Nada de década perdida. Produziu-se muita cultura ali. E uma das mais marcantes era um pop rock, romântico e extremamente instrumentalizado. Bailinhos mundo afora, até hoje, tocam Roxette, Air Supply e Phill Collins.

Por isso, trouxe aqui as músicas que me aguçam os sentidos. Que causam em mim um festival sinestésico, do qual não consigo sair antes do último acorde. Que me deixam extático. Ei-las:


The Power of Love (Jennifer Rush)



Quem nunca cantou "O Amor e o Poder" pelo menos uma vez na vida que atire a primeira pedra. A versão brazuca, cantada por Rosana, que embalou as emoções da novela Mandala, tiveram como referência essa canção de Jennifer Rush, que prezava pelo clima transcendente que, em seguida, marcou a versão da novela.


Take My Breath Way (Berlin)



O tema inesquecível do filme Top Gun - Ases Indomáveis deu uma impressionante visibilidade ao Berlin, e a canção tornou-se um ícone nas paradas de sucesso durante e depois do filme. Todas as trilhas sonoras de vencedores do Oscar têm-na como faixa obrigatória.


Matter of Feelings (Duran Duran)



Muito antes dos Backstreet Boys, as boy-bands atraíam os gritinhos de adolescentes enlouquecidas. E, claro, não dá pra falar delas sem tocar no nome do Duran Duran. "Matter of Feelings" também vigorou entre as prediletas nas baladinhas. As meninas queriam agarrá-los, rasgá-los e beijá-los. Os meninos queriam sê-los, embora não admitissem.


Against All Odds (Phill Collins)



Não dá pra falar de baladas dos 80 sem citar Phill Collins. O rei do romantismo oitentista figura aqui com um de seus clássicos. Aliás, difícil destacar uma dele que não seja um clássico, portanto a escolha não foi das mais fáceis.


Endless Love (Lionel Ritchie & Diana Ross)



O tema de Amor sem Fim é uma das mais lembradas do consagrado Lionel Ritchie. A suavidade de sua voz, aliada num dueto belíssimo com Diana Ross ganhou mais e mais versões mundo afora.


Heaven (Bryan Adams)



Entre minhas favoritas está o tema de Babi na novela A Gata Comeu. Enquanto a patricinha ficava às voltas com seu amor pelo falso cego Zé Mário, o público se deleitava nos acordes de Heaven.


It Must Have Been Love (Roxette)



Dificílimo pra mim ser imparcial quando o assunto é esse grupo sueco. Mais ainda, quando o assunto é Marie Fredriksson, a sueca que assume os vocais. "It Must Have Been Love" ainda hoje é tocada à exaustão em festas Ploc, e figura sempre em discos do tipo Good Times.


Listen to Your Heart (Roxette)



Diferente da maioria, que curte mais a música anterior, minha predileta do Roxette é aquela que embalou várias cenas da novela O Sexo dos Anjos. Seu tom transcendente, ainda maior, tem cara de romances maiores que a vida. E nós lá, escutando.


Making Love Out Of Nothing At All (Air Supply)



Enfim, o hour concours dessa lista. Para muitos, um atentado aos diabéticos. Para mim, a memória de um belo momento de minha vida: a primeira paixão adolescente. Tinha um CD pirarinha na minha casa, da qual esta era a segunda faixa. O disco furou de tanto ser escutado. Uma música com um clímax perfeito, instrumentalizado à exaustão, pronto para embalar um jovem coração apaixonado.


Pra você, o que faltou na lista. Comente e opine! Abração!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

São tantas emoções: a telenovela como expressão da felicidade




Não é de hoje que tenho revisto meus conceitos sobre novelas. Pra falar a verdade, essa reconceituação é um processo contínuo, embora tenha se agudizado de uns tempos pra cá, desde que resolvi começar a falar abertamente sobre o assunto através desse veículo de comunicação. Afinal, o que é possível expressar sobre a atual situação da teledramaturgia? Apenas lamentar o marasmo, dizer que não se produz nada de novo, que a TV se tornou um mausoléu de estilos cristalizados? É pouco. Já passei muito tempo fazendo isso, e acho que perdi momentos preciosos de minha tenra juventude, em vez de, humildemente, propor possibilidades de revisão da teledramaturgia. Nada de novo, apenas um convite a voltar a olhar para a telenovela como já se olhou no passado e - sem querer ser anacrônico - rediscutir o grande valor que permeou o folhetim desde seu surgimento que era o de... transmitir emoções. Pois bem.



Muito se tem falado em técnica, em estilos, em fluidez nos diálogos, em dinamismo nas cenas. Muito se tem observado na expressividade dos atores, no figurino escolhido, no tom de voz usado para expressar-se nessa ou naquela cena. Nenhum pecado. De fato, o bom analista é aquele que vê a novela em seu todo, mas discutindo os detalhes. O grande problema é que nós (e me incluo nesse bolo), muitas vezes, achamos que analisar bem é criticar, apontar os defeitos, por mínimos que eles sejam, esquecendo-nos do mais importante que é esse TODO que constitui a telenovela, e no qual ator, autor e diretor pensam na hora de lançar o produto.



"Ah, mas esse olhar vai me recomparar ao público médio (ou ao sujeito ordinário?)", como se nisso habitasse o pior dos males para quem gosta de ver dramaturgia. Antes de qualquer outra coisa, meus queridos, fomos público médio, e gostamos muito de ser. E, acho eu, para sermos mais do que isso, temos que retornar, pelo menos um pouquinho, às emoções primárias vividas por esse público e, só a partir delas, fazermos nossas considerações. Ou isso, ou corremos o seríssimo risco de nos transformamos naqueles chatos, hieráticos, quadrados e saudosistas críticos de TV, que emos com tão maus olhos.




Mas, o que é fazer novela, então? Ou melhor, o que é fazer uma boa novela? Isso me inquietou por muito tempo. Justamente quando comecei a ver esse produto com um olhar mais apurado, passei a refletir o que constituia uma boa novela. E eis a surpresa: a resposta foi um retorno à mesmíssima visão que tinha quando assisti atrações como Olho no Olho, Cara & Coroa, Explode Coração, História de Amor ou O Clone: novela boa é aquela que me deixa feliz de ver.



O texto é tatibitate, e daí? A protagonista é ex-BBB, algum problema? As cenas duram mais de cinco minutos, e eu com isso? Não sou obrigado a virar um refém da técnica e, pior do que isso, da crítica. Da mesma forma que acho que o grande problema atuais é que elas se tornaram reféns de uma burocracia televisiva. Os autores e diretores se sentem obrigados a serem dinâmicos, a valorizarem a ação de maneira exaustiva, a escrever em escala industrial, a ter diversos pudores em nome da audiência, sem notar que são justamente tais elementos que mais afastam nosso público.



Novela boa é novela feita com gosto. É aquela que o autor escreve dando uma banana pra quem o chama de fantasioso, delirante. "Eu quero inovar, escrever uma mocinha lésbica, um mocinho obeso, uma vilã de 6 meses de vida". Mas e a audiência, e o povão? Azar! Ou então: "Eu prefiro escrever um folhetim onde a mocinha é abandonada no altar, depois descobre que tem uma herança milionária, fica rica, dança numa boate, se vinga do inimigo e depois desvenda um assassinato". Mas e a crítica, que vai me chamar de folhetinesco e sem-vergonha? Que se dane!



As últimas novelas pelas quais realmente me apaixonei foram feitas com amor, sem ligar pro que muita gente diria. E, coincidentemente, foram sucessos de Ibope. Glória Perez fez ouvido de mercador de camelos quando geral dizia que Jade viajava trocentas vezes pro Brasil em O Clone. Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari não ligaram pra quem dizia que estavam abusando das metalinguagens e da canastrice em Ti-Ti-Ti: investiram com gosto. É esse ato de coragem, é esse fazer da arte uma grande farra, que acho que faz falta em muitos trabalhos, e que defendo como a boa dramaturgia.




Acredito, sim, que as duas coisas são perfeitamente associáveis, mas se for obrigado a escolher entre ser partidário da técnica ou ser partidário da fantasia, fico com a segunda, sem culpa. Sei que posso ser achincalhado por essa opinião, mas acho que novela boa é aquela em que você dá asas à imaginação, seja lá o que ela lhe mande fazer. Você é louco, costuma ser chamado de esquizofrênico, cria estórias fantasiosas numa cabeça sem-noção? Largue as armas, meu irmão, e venha fazer novela. Tipos como você são necessários, e estão em falta.



Pronto, falei. Agora, que venham as pedradas.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Eu, um contrasenso acadêmico


Cada dia que passa me faz olhar ainda mais pra mim mesmo. E isso é mais estranho do que parece. Talvez seja a idade chegando, e essa adolescência tardia e mal-realizada se transformando numa vida adulta ainda tão imatura. Mas eu já superei essa fase de incertezas quanto ao meu próprio perfil psicológico-comportamental: me assumi como um prenúncio do anti-social, apesar da necessidade de estar próximo de gente; como um "homem de gelo", apesar da necessidade de abraços constantes; como um racional, apesar desse romantismo latente. Enfim, me defini como um contrasenso.


Essas reflexões têm ganho projeção maior no ambiente acadêmico, onde tenho vivido um momento profundamente particular. Estar no Mestrado é um sonho que eu alcancei. Me refazer nele a cada dia é um desafio que me foi colocado. A cada dia, seja de aula, seja da convivência com os colegas - nunca imaginei que seria tão significativa - me vejo uma pessoa nova. Não na minha essência: continuo o mesmo do parágrafo anterior, só que diferente. Deu pra entender? Não? Tá, deixa pra lá. Prossigamos.


Ontem foi um dia desses, de desconstrução do Fábio de tantos anos, e de reconstrução de um outro, que nem ele mesmo conhecia. Ontem eu levei um tapa na cara. Um tapa de luva, tão leve, mas tão leve, que continua doendo até agora. Um tapa que me fez ir dormir sentindo-o. Sabe por quê? Por que me vi ante os meus preconceitos, e senti vergonha de mim mesmo.


Eu, que sempre estufei o peito para me dizer um "filho da História Cultural". E não deixei de ser. Mas, ao falar isso, empostava a voz, inseria nele uma empáfia voluntária, um quê superior. Sabe o "eu sou, vocês não são"? Pois é. Eu, que ironizei com o mundo, com o que lia, com o que via ou que ouvia em contrário. Eu, que me propunha alguém de mente aberta, um catalisador de ideias, me mostrava o mais inflexível dos metódicos. Mea culpa.


Ante o Certeau, o Burke, a Pesavento, o Nora, eu esquecia de tanta gente... Do Hobsbawn, que li com tanta avidez em suas reflexões sobre a Revolução Francesa; do Peregalli, e suas construções sobre o modo de produção tributário; e, por que não, do Ranke, que me ensinou o quanto a organização é necessária no fazer historiográfico. Perdão.


Perdoem esse cara, que se achava tão pós-moderno, e se mostrava tão positivista. Perdoem esse poço de contradições. Perdoem quem criticou o reducionismo e determinou o mundo. Perdoem quem se negou a ler aquele que disse que a história acabou, por puro preconceito. E também àquele que renegou o resto da Escola de Frankfurt por ter medo de trazer a contradição pro seu trabalho. Eu errei. E seu que talvez não mereça o perdão. Mas eu juro que vou me esforçar.