sexta-feira, 14 de maio de 2010

Que venha Passione!


Viver a Vida, última atração do horário nobre global, terminou ontem, e não deixou saudades nem no público e tampouco na emissora. A novela, que fecha com uma das piores médias do horário em todos os tempos (36 pontos) apostou no estilo cotidiano de Manoel Carlos, nos diálogos, nas relações interfamiliares e nas polêmicas. A dosagem, porém, diferenciou-se dos outros trabalhos do autor, não agradando ao público, que espera, ansioso, pelo próximo trabalho no horário. E ele, finalmente, está chegando: segunda-feira, dia 17, estreia Passione.

A atração é assinada por Sílvio de Abreu, responsável por grandes sucessos nos horários das 19h e 20h, como Jogo da Vida, Guerra dos Sexos, Sassaricando, A Próxima Vítima e Belíssima. Sua marca, o tragicômico e o policial, segundo ele, engendram-se nesta nova trama, um folhetim desbragado, que reúne todos os velhos clichês da dramaturgia com um tempero especial e um elenco de peso.

Na história de Passione, Fernanda Montenegro é Bete Gouveia que, com a morte do marido Eugênio (Mauro Mendonça), tem nas mãos a responsabilidade de dotar a nova presidência de sua empresa, a Metalúrgica Gouveia, uma grande fábrica de bicicletas, dividida entre seu filho mais velho, o prepotente Saulo (Werner Schunneman) e o honesto executivo Mauro Santarém (Rodrigo Lombardi), filho do motorista da família e melhor amigo de Gerson (Marcello Antony), seu caçula. No passado, Bete engravidara de outro homem, antes de casar, e, até onde seu sabe, seu filho morrera ao nascer. À beira da morte de Eugênio, porém, este fez a Bete uma grande revelação: seu filho está vivo, e fora dado por ele aos antigos empregados da família, que foram embora para a Itália.

O filho de Bete foi criado na Toscana, e vive como um pacato camponês italiano. Ele se chama Antonio Matolli, ou Totó, como é conhecido (mais uma bela construção de Tony Ramos), expansivo, bom, honesto e crente no ser humano. Decidida a encontrar seu filho, e dar-lhe tudo que ele tem direito, Bete embarca para a Itália, onde baterá de frente com Gema Matolli (Aracy Balabanian), filha mais velha do antigo casal de empregados, que criara Totó como seu filho.

Mas o segredo de Bete foi descoberto por Clara (Mariana Ximenes), enfermeira de Eugênio que, junto com o namorado Fred (Reynaldo Giannecchini), planejam dar um golpe perfeito nos Gouveia. A dupla embarca para a Itália e chega a Totó antes da matriarca, levando o homem crédulo a apaixonar-se perdidamente por Clara, casando-se com ela. Com isso, intentam conseguir com que esta herança que pertenceria a Totó passasse toda para as suas mãos.

Além disso, a trama também conta com o núcleo cômico dos "reis do lixo", vividos por Francisco Cuoco e Irene Ravache, ricos emergentes que estão casando, a contragosto, sua filha Jéssica (Gabriela Duarte) com o malandro italiano Berilo (Bruno Gagliasso), grávida de nove meses e prestes a ter o bebê em pleno altar. Enquanto isso, na Itália, o carteiro Mimi (Marcelo Médici) intercepta as cartas de Berilo a sua esposa, Agostina (Leandra Leal), visando conseguir conquistar o coração da bella.

O slogan de lançamento da novela enuncia que "será paixão à primeira vista". A produção grandiosa da diretora Denise Saraceni (responsável por primores como A Muralha) condiz com a expectativa de sucesso, de um trabalho no qual a emissora aposta suas melhores fichas. Necessariamente, traz elementos que em muito diferenciam-se daquilo que não deu certo em Viver a Vida: Passione promete ser uma trama com ritmo e dinamismo, sempre evitando as famosas "barrigas" nas quais caem muitos trabalhos do gênero. Para tanto, Sílvio de Abreu promete uma grande reviravolta no entrecho cômico-dramático, por volta do capítulo 100, que traria um suspense policial apresentado de forma inusitada - uma morte cujo mistério seria conhecido pelo público, e desconhecido pelos personagens.

Aos amantes da teledramaturgia, um brinde ao fim de Viver a Vida. E outro ao início de um novo tempo. Que venha Passione!

7 comentários:

  1. Você (como sempre) foi um gentleman. Viver a Vida merecia uma crítica mais contumaz. Ainda não me conformo com a existência desse produto. Passione, acho, é um grande bálsamo para os que gostam de dramaturgia. Enfim, teremos uma novela de verdade para acompanhar pelos próximos oito meses. O que me irrita dessa vez é a preguiça do povo da arte. Você já viu alguma chamada de elenco mais pobre que aquela? Um horror.

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  2. Ainda bem que Silvio de Abreu existe. E ainda bem que ele sabe escalar um elenco direito, né, seu Jayme Monjardim?

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  3. Estreia maravilhosa. Direcao competente, sonoplastia eficiente, e um texto que é até covardia! Grande Silvio de Abreu!!!

    Abs, Eddy

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  4. Fabio vc deveria enviar uns textos para o núcleo de novelas da globo... Kara acho que posso tá enganado ou precipitado mais me parece que a emissora está repetindo temas.
    Se o Saudoso Raul Cortez ainda fosse vivo eles teriam o colocado como italiano...
    Há comecei assistir passione movido por sua postagem mais adiante terceremos mais comentários ... Kkkk um abraço amigo

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  5. Concordo com a repetição de temas, Nonatinho. Mas, acompanhando, você perceberá que Passione tem muito pouco das italianas Terra Nostra e Esperança. A trama é uma tragicomédia com elementos de suspense policial.

    Além do mais, um bom folhetim sempre é feito de certos clichês, senão não seria um folhetim. Bem utilizados, eles se tornam apaixonantes.

    Abraços e valeu pelo comentário!

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  6. Enfim, uma novela das oito, depois de nove meses de puro marasmo. Tudo no tom certo. Desde a direção até o elenco, muito bem escalado. Texto do Sílvio ótimo como sempre.

    O único "senão" até agora: Carolina Dieckmann e sua mocinha, que me parece extremamente interesseira pela forma como vem se dividindo entre Marcello Antony e Rodrigo Lombardi.

    Parabéns pelo post!

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