quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

BBB 11: perspectivas possíveis



É sabido que comentar a edição em voga do Big Brother Brasil é uma de minhas tarefas prediletas (em período de férias então, com as atividades reduzidas a um terço do normal, é um passatempo quase viciante). A observação da primeira semana da 11ª temporada do reality, como não podia deixar de ser, rende um comentário aqui neste espaço de divagações do blogueiro que ora vos fala. Pois bem. Vamos nessa.

O BBB 11 tem duas grandes possibilidades: estourar a boca do balão, visto que tem 11 semanas pela frente e 16 participantes com todo um potencial a explorar, ou afundar no marasmo semelhante à politicamente correta e modorrenta 6ª edição. Caminhos e descaminhos à qual todo reality está sujeito em momento semelhante, mas a situação na qual se encontra o programa neste momento mostra que há, sim, motivos para se preocupar.

A final da 6ª edição do Big Brother Brasil, em 2006, levantou um sinal amarelo sobre os rumos que o programa tomaria a partir de então. Muito embora consolidasse o fenômeno de audiência, e se tornasse, finalmente, a menina dos olhos de qualquer anunciante, a atrção evidenciava, também, uma característica que incomodava seus diretores: a tendência do povo brasileiro a beneficiar o desfavorecido, eliminar o polêmico e dar o prêmio ao bonzinho (e, por vezes bobinho) que, por ter menos, merecia mais a bolada que os outros. Assim venceram o BBB personalidades como Kléber Bambam, Cida e Mara. O que fazer?

Veio a 7ª edição, inaugurando um expediente novo: chega de baixa renda! O BBB, como show, precisa de gente bonita, sarada e interessante. Gente desinibida, que esteja a fim de mostrar e fazer o que for preciso para chamar a atenção e vencer. Ponto positivo com a vitória de Diego Alemão em 2007, com as polêmicas do Dr. Marcelo em 2008, com a superexposição do corpo da mulher-picanha Priscila em 2009 (que bateu na trave na final mais apertada do programa), e na consagração do mais-que-polêmico Marcelo Dourado no ano passado. Aplausos para Boninho, o diretor que quer ver a coisa tremer, e que acha que vale tudo em nome do Ibope.

Particularmente, concordo com Boninho. O show deve prezar por gente que interessa (e nisso, talvez entre aqui o conceito meio elitizado de Goretti, a personagem de Regiane Alves em Tempos Modernos). E dá-lhe boazudas turbinadas na piscina, saradões malhando na academia, barraqueiras e barraqueiros de plantão, prontos para explorar até as últimas consequências seu ímpeto de causar. Conteúdo, sim, e polêmico: BBB bom é aquele que sabe que quanto mais se expôr, mais estará dando Ibope e grana ao programa. E mais aumenta as suas chances de vencer, certo?

Aí entra o ponto neuvrágico da questão. Nem sempre o participante ideal para a direção do programa converge com aquele que o público deseja levar até o prêmio milionário. A edição, claro, é feita para favorecer aquele que mais se assemelhe aos objetivos da turma do Boninho, mas já ficou evidente que as pessoas pensam que as próprias cabeças, e fazem escolhas que, muitas vezes, divergem dos objetivos da direção de cúpula. Não fosse por isso, Gyselle Soares ou Marcelo Arantes teria vencido a edição de 2008, sendo os personagens em maior evidência; Ana Carolina ou Naiá teria sido a grande campeã de 2009. O protagonismo sugerido pelos diretores de câmera e editores do programa ajudam a construir o campeão, mas estão longe de ser o único elemento neste processo.

Anteontem, a transexual Ariadna foi a primeira eliminada do Big Brother Brasil 11, levando, creio eu, a reuniões de cúpula ininterruptas na sala de J. B. de Oliveira, onde este deve, com grandes possibilidades de eu estar certo, esmurrado a mesa algumas vezes. Para piorar, o Ibope do programa tem despencado desde sua estreia, deixando claro à equipe produtora que os telespectadores estão insatisfeitos com a escalação feita. "O que tem acontecido com o público?", deve, agora, se perguntar Boninho. Talvez, o tabu social do transexualismo ainda seja mais forte para a sociedade do que aparenta. Ou isso, ou as pessoas não gostaram do fato de Ariadna ter se apresentado reticente em relação à sua condição, causando uma impressão incômoda de falta de ética por sua parte.

Diferente de muitas opiniões que tenho visto por aí expressas, não acho que a escalação do BBB 11 tenha sido ruim. Pelo contrário: a carpintaria de Boninho tem estado cada dia mais apurada para selecionar quem tem potencial a ser explorado. Falo em relação a muitos: aos "tricotantes" Daniel e Lucival, à dançarina Jaqueline, ao baiano hiperativo Diogo, além de Michelly (cuja infantilidade, bem como a Ana do BBB 9 pode ser uma característica que conquiste as pessoas), Rodrigão, Rodrigo e Talula. O que falta, como muito bem colocou Pedro Bial em seu discurso de eliminação, é a coragem e a honestida em evidenciar isso.

Seria uma baita hipocrisia dos brothers em questão quererem se passar por puritanos. Além de Ariadna (que, apesar de esconder muito, deixou claro que de santa não tinha nada), os outros também tiveram uma vida pregressa bem, digamos, movimentada. Maria e Diana já posaram da forma que vieram ao mundo (Diana com máscara de Darth Vader. Fetiches, fetiches!), Rodrigo já expôs os seus "pertences" em revistas do ramo; Talula já foi Miss Chocolate e pousou com pouca roupa. Quer dizer... quem ali é inocente? Foram escolhidos justamente por seus perfis audaciosos, e o que menos têm de fazer ali é posar de certinhos.

Nesse momento, Talula e Rodrigão apontam nas pesquisas como favoritos. Curiosamente, são eles os com perfil de bons moços: bonitos, contidos e aparentemente éticos. Diana segue por perto, considerada por muitos uma participante forte, por sua atitude. Diogo também, embora, para muitos, sua graça vai acabar rápido. Talvez, Paula (a Jabulani) possa despontar como uma grande jogadora, justamente por deixar à mostra suas opiniões, e não ter medo de mostrar quem é.

Independente de quem ganhe no final, o que queremos é uma boa atração. O povo quer gente que jogue com o coração (quem puder, com o útero!), e não um poker face. Quer seres humanos, e não robôs feitos para jogar. Quer a força e a fragilidade postos numa balança, quer o carisma à flor da pele e a emoção de uma novela da vida real. É importante que os participantes do programa saibam por qual motivo estão ali. E que a direção saiba criar situações para que a novela não caia numa grande e desconfortável barriga.

3 comentários:

  1. Adoro o Supercult e o post de BBB deve ser interessante mesmo pra quem curte o programa!

    Não é meu caso, mas respeito! :)

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  2. Então, eu até gosto do BBB, mas sou daqueles que só começa a ver no fim do primeiro mês e nas últimas edições nem assíduo tenho sido.

    Sai tudo na internet, as pessoas comentam, a gente não precisa nem assistir pra ficar inteirado do que tá rolando.

    Tô achando essa edição bem fraquinha. Numa vibe #BBB6vibrations zzzzzzzz

    Eddy

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  3. Não espero mais nada deste BBB. Desisti logo no início, com a eliminação de Ariadna. Não por terem eliminado a transexual da casa. Pelo contrário! Torci por essa eliminação, uma vez que ela era uma figura totalmente apática e desnecessária ao programa. Desisti por ver a tão comentada manipulação dos diretores a favor da audiência sendo assumida sem pudores. Ora, se é o jogo da vida real, não deveria estar sujeito à intervenções de um diretor, cujo único trunfo era uma transexual que mentiria aos homens da casa, a fim de envergonhar um machão perante o Brasil todo. A tentativa de colocar a menina dentro da casa, através da casa de vidro, acabou frustrada. Vibrei com isso. Contudo, não foi um acontecimento importante a ponto da edição me recuperar. Perdeu, BBB! Nos vemos em 2012. Se o elenco for melhor e a direção mais competente...

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