quarta-feira, 22 de junho de 2011
Um Astro volta a reinar na televisão brasileira
Em tempos de crise criativa na televisão brasileira, chega a ser surpreendente que um dos lugares mais promissores para a inovação passa a ser o dos remakes. Nessa afirmação não há qualquer ironia, e sim um extremo encantamento com a nova maneira encontrada pela TV de reler seus clássicos, transformando-os em grandes homenagens a um gênero cultuado Brasil e mundo afora. Assim foi com a magistral Ti Ti Ti, onde Maria Adelaide Amaral celebrou não apenas a obra de Cassiano Gabus Mendes, e sim a telenovela com um todo. Assim tende a ser, também, a nova grande empreitada da TV Globo. Vem aí O Astro.
Primeira experiência do que pode ser uma nova forma de fazer dramaturgia na Rede Globo, o remake da obra clássica de Janete Clair, sucesso imortal de 1977, estreia na televisão dia 12 de julho, no horário posterior ao da novela das 9. Com classificação indicativa de 16 anos, permitindo, portanto, cenas mais fortes, e o aprofundamento de temas nem cogitados na sua versão original, o trabalho de adaptação fica a cargo de Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, assessorados pelos colaboradores Tarcísio Lara Puiati e Vitor de Oliveira (o queridão entrevistado aqui mesmo, nesse blog). A direção de Roberto Talma e Mauro Mendonça Filho promete trazer uma história atual, mas com todos os elementos que fizeram da carpintaria de Janete Clair a mais propalada entre os fãs de novelas.
A grande novidade fica por conta do formato. A história será contada em condensados 60 capítulos, permitindo uma redução no número de personagens e cenários, bem como uma maior densidade nas cenas. Uma macrossérie ou uma mininovela? Os dois, talvez. Prefiro ver como uma novela que trará - analisaremos no futuro - uma nova maneira de fazer dramaturgia. Menos é mais, já diriam os outros.
A trama de O Astro obedece ao padrão janetiano que, assim como os clássicos teatrológicos de Shakespeare e literários de Machado de Assis, serão atuais sempre. Conta a saga de Herculano Quintanilha, de desventurado golpista no interior do Brasil, a alto diretor das Organizações Hayalla. Sua escalada passa pela transformação de um estelionatário cheio de falhas em um vidente de projeção internacional, guru de milhares e milhares de pessoas, através de seu show de ilusionismo e de sua lábia envolvente. Encontrando-se com Márcio Hayalla, filho rebelde de uma rica família à beira do esfacelamento, acha o ponto ideal para crescer e transformar-se em alguém realmente poderoso.
Uma parábola sobre os limites da honestidade humana, a obra de Janete Clair torna-se mais ousada na atualidade. Com cenas de sexo fortes, insinuações de bissexualismo, efeitos especiais que tornam os shows de Herculano espetáculos à parte, e diálogos com alto teor de dramaticidade, retoma a velha e eterna forja de telenovelas. O Astro pode nos permitir enxergar o quão simples é o que falta em nossa dramaturgia atual: emoção, entrega, fascínio. Estaremos todos rendidos aos encantos de Herculano Quintanilha, Lili, Amanda Mello Assunção, Márcio, Clô e Salomão Hayalla, queremos ser enganados e surpreendidos, rir e chorar por eles.
#será?
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A empolgação e a vontade de acertar está presente em todo o projeto, passando por nós, autores, elenco, equipe técnica e direção. Estou ainda sem palavras para expressar o que vi e vivi ontem. Expactativa de algo realmente bom. Obrigado pela força, queridão!
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