terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O "Natal das Crianças" na Paróquia (ou Seria Cômico se Não Fosse Trágico)

Pode parecer um tanto elitista o que vou escrever aqui, mas não tem nada mais engraçado do que assistir auditivamente um evento para crianças. Sim, auditivamente. Porque se você estiver no lugar ficará angustiado com a bagunça generalizada e irá querer, você, fugir para as colinas. Não, melhor é ficar num lugar neutro, mas onde se possa ouvir com clareza, e ficar ali, imaginando a que ponto chega a civilização. Enfim.

Vivo num "triângulo religioso", entre duas igrejas evangélicas e o salão paroquial da Igreja Matriz católica da cidade. Sempre, ali no salão paroquial, nesses período de Páscoa, Dia das Crianças, Natal (datas onde crianças ganham presentes e/ou se empanturram) rola aquela festividade para as crianças carentes. Antes que me acusem de insensível em relação à realidade da infância brasileira, a miséria, etc, me apresso em dizer que o fato de serem crianças carentes ali é um mero detalhe. Crianças, de uma maneira geral, agem da mesma forma, seja saída da favela, seja dos Jardins, em São Paulo. Exceções são raras.

De longe (para ser mais específico, da sacada da minha casa), deitado numa rede, é possível escutar bem o que se passa através das reações da animadora do evento (em geral uma moça desapegada dos bens materiais, recheada de paciência e benevolência cristã, e que dali sairá para uma sessão de análise). Acompanhe o passo a passo. Em geral, acontece exatamente nesta sequência:

1º momento - A recepção acolhedora
"Benvindos, queridos! Sintam-se todos à vontade! Essa festa foi feita para vocês! Divirtam-se!"

2º momento - As brincadeiras
"Gente, vamos se organizar (se organizar?! Correção gramatical pra quê, né?) pras brincadeiras. (t) Hei, queridinho, pode levantar daí, sim? Gente, todo mundo aqui bem juntinho, e dêem aquele grito de oba! (Alguns gritam oba, outros gritam coisas impróprias pra esse blog) Cuidado com essa boca, queridinho! Deus castiga... (risinho falso da apresentadora)"

3º momento - O lanche está servido!
"Gente, vamos lá que o lanche está servido! Muita coisa gostosa, feito com todo carinho!"

4º momento - A chegada até o lanche
"Crianças, não precisam avançar. Tem pra todo mundo! (outro risinho falso) Vamos fazer uma filinha?"

5º momento - O fracasso da fila
"Gente vamos lá... gente vamos/ Eu já disse que não precisa avançar! (cara feia) Gente, pelo amor de Deus, educação, EDUCAÇÃO!!!"

6º momento - Os hunos chegaram?
"Hei, sai de cima dessa mesa! Alguém tira aquele moleque de cima do bolo! Hei, menina, cuidado pra não se afogar no suco! Cuidado, não come todos os pastéis, seu porco!"

7º momento - O fundo do poço
"Gente, ele tá vomitando! AQUELE MOLEQUE PORCALHÃO VOMITOU EM CIMA DO BOLO!"

8º momento - Eu me rendo!
"Socorro! Fujam pras colinas! O prédio vai cair! Estão comendo as paredes! Mei dei!"

Enfim... deu pra entender porque eu prefiro escutar de longe?

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

BBB 11: perspectivas possíveis



É sabido que comentar a edição em voga do Big Brother Brasil é uma de minhas tarefas prediletas (em período de férias então, com as atividades reduzidas a um terço do normal, é um passatempo quase viciante). A observação da primeira semana da 11ª temporada do reality, como não podia deixar de ser, rende um comentário aqui neste espaço de divagações do blogueiro que ora vos fala. Pois bem. Vamos nessa.

O BBB 11 tem duas grandes possibilidades: estourar a boca do balão, visto que tem 11 semanas pela frente e 16 participantes com todo um potencial a explorar, ou afundar no marasmo semelhante à politicamente correta e modorrenta 6ª edição. Caminhos e descaminhos à qual todo reality está sujeito em momento semelhante, mas a situação na qual se encontra o programa neste momento mostra que há, sim, motivos para se preocupar.

A final da 6ª edição do Big Brother Brasil, em 2006, levantou um sinal amarelo sobre os rumos que o programa tomaria a partir de então. Muito embora consolidasse o fenômeno de audiência, e se tornasse, finalmente, a menina dos olhos de qualquer anunciante, a atrção evidenciava, também, uma característica que incomodava seus diretores: a tendência do povo brasileiro a beneficiar o desfavorecido, eliminar o polêmico e dar o prêmio ao bonzinho (e, por vezes bobinho) que, por ter menos, merecia mais a bolada que os outros. Assim venceram o BBB personalidades como Kléber Bambam, Cida e Mara. O que fazer?

Veio a 7ª edição, inaugurando um expediente novo: chega de baixa renda! O BBB, como show, precisa de gente bonita, sarada e interessante. Gente desinibida, que esteja a fim de mostrar e fazer o que for preciso para chamar a atenção e vencer. Ponto positivo com a vitória de Diego Alemão em 2007, com as polêmicas do Dr. Marcelo em 2008, com a superexposição do corpo da mulher-picanha Priscila em 2009 (que bateu na trave na final mais apertada do programa), e na consagração do mais-que-polêmico Marcelo Dourado no ano passado. Aplausos para Boninho, o diretor que quer ver a coisa tremer, e que acha que vale tudo em nome do Ibope.

Particularmente, concordo com Boninho. O show deve prezar por gente que interessa (e nisso, talvez entre aqui o conceito meio elitizado de Goretti, a personagem de Regiane Alves em Tempos Modernos). E dá-lhe boazudas turbinadas na piscina, saradões malhando na academia, barraqueiras e barraqueiros de plantão, prontos para explorar até as últimas consequências seu ímpeto de causar. Conteúdo, sim, e polêmico: BBB bom é aquele que sabe que quanto mais se expôr, mais estará dando Ibope e grana ao programa. E mais aumenta as suas chances de vencer, certo?

Aí entra o ponto neuvrágico da questão. Nem sempre o participante ideal para a direção do programa converge com aquele que o público deseja levar até o prêmio milionário. A edição, claro, é feita para favorecer aquele que mais se assemelhe aos objetivos da turma do Boninho, mas já ficou evidente que as pessoas pensam que as próprias cabeças, e fazem escolhas que, muitas vezes, divergem dos objetivos da direção de cúpula. Não fosse por isso, Gyselle Soares ou Marcelo Arantes teria vencido a edição de 2008, sendo os personagens em maior evidência; Ana Carolina ou Naiá teria sido a grande campeã de 2009. O protagonismo sugerido pelos diretores de câmera e editores do programa ajudam a construir o campeão, mas estão longe de ser o único elemento neste processo.

Anteontem, a transexual Ariadna foi a primeira eliminada do Big Brother Brasil 11, levando, creio eu, a reuniões de cúpula ininterruptas na sala de J. B. de Oliveira, onde este deve, com grandes possibilidades de eu estar certo, esmurrado a mesa algumas vezes. Para piorar, o Ibope do programa tem despencado desde sua estreia, deixando claro à equipe produtora que os telespectadores estão insatisfeitos com a escalação feita. "O que tem acontecido com o público?", deve, agora, se perguntar Boninho. Talvez, o tabu social do transexualismo ainda seja mais forte para a sociedade do que aparenta. Ou isso, ou as pessoas não gostaram do fato de Ariadna ter se apresentado reticente em relação à sua condição, causando uma impressão incômoda de falta de ética por sua parte.

Diferente de muitas opiniões que tenho visto por aí expressas, não acho que a escalação do BBB 11 tenha sido ruim. Pelo contrário: a carpintaria de Boninho tem estado cada dia mais apurada para selecionar quem tem potencial a ser explorado. Falo em relação a muitos: aos "tricotantes" Daniel e Lucival, à dançarina Jaqueline, ao baiano hiperativo Diogo, além de Michelly (cuja infantilidade, bem como a Ana do BBB 9 pode ser uma característica que conquiste as pessoas), Rodrigão, Rodrigo e Talula. O que falta, como muito bem colocou Pedro Bial em seu discurso de eliminação, é a coragem e a honestida em evidenciar isso.

Seria uma baita hipocrisia dos brothers em questão quererem se passar por puritanos. Além de Ariadna (que, apesar de esconder muito, deixou claro que de santa não tinha nada), os outros também tiveram uma vida pregressa bem, digamos, movimentada. Maria e Diana já posaram da forma que vieram ao mundo (Diana com máscara de Darth Vader. Fetiches, fetiches!), Rodrigo já expôs os seus "pertences" em revistas do ramo; Talula já foi Miss Chocolate e pousou com pouca roupa. Quer dizer... quem ali é inocente? Foram escolhidos justamente por seus perfis audaciosos, e o que menos têm de fazer ali é posar de certinhos.

Nesse momento, Talula e Rodrigão apontam nas pesquisas como favoritos. Curiosamente, são eles os com perfil de bons moços: bonitos, contidos e aparentemente éticos. Diana segue por perto, considerada por muitos uma participante forte, por sua atitude. Diogo também, embora, para muitos, sua graça vai acabar rápido. Talvez, Paula (a Jabulani) possa despontar como uma grande jogadora, justamente por deixar à mostra suas opiniões, e não ter medo de mostrar quem é.

Independente de quem ganhe no final, o que queremos é uma boa atração. O povo quer gente que jogue com o coração (quem puder, com o útero!), e não um poker face. Quer seres humanos, e não robôs feitos para jogar. Quer a força e a fragilidade postos numa balança, quer o carisma à flor da pele e a emoção de uma novela da vida real. É importante que os participantes do programa saibam por qual motivo estão ali. E que a direção saiba criar situações para que a novela não caia numa grande e desconfortável barriga.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Enfim, o fim de Passione


Ontem, assistimos ao último capítulo de Passione. Diferente de outras tramas policiais de Sílvio de Abreu, como A Próxima Vítima ou Belíssima, o suspense sobre os assassinatos não causou o mesmo frissom. Sim, as revistas de fofoca comentaram o mistério. Sim, a novela marcou 52 pontos em seu fim, o que, pros dias de hoje, equivale a uma audiência de 74 pontos, por exemplo, segundo os critérios de medição de 10 anos atrás, quando foi transmitido o sucesso O Clone no horário nobre. Mas o sentimento do público (falo de mim e de vários com os quais já conversei) em relação a Passione é que faltou... não sei bem o quê. Começo esse texto com uma opinião ainda não construída sobre a novela, e espero chegar a alguma resposta em seu fim.

Passione começou com muita expectativa do público. Terminava Viver a Vida, a novela que conseguiu diversos feitos, dentre eles afujentar as donas de casa da frente da TV às 21h e colocar um enorme e incômodo "senão" na obra até então elogiadíssima de Manoel Carlos. Queríamos uma novela das oito (no caso, agora institucionalmente, das nove) que acontecesse: um novelão cheio de entrechos cômicos, dramáticos e mistérios, não a modorrenta história que se resumia aos dramas da moça tetraplégica. E essa foi a proposta de Sílvio de Abreu ao apresentar a história de Bete Gouveia, na busca do filho italiano Totó, atrapalhada pelos golpistas Clara e Fred. Enfim, todos os elementos para prender a atenção de dez entre dez noveleiros.

A estreia da novela mostrou tudo isso. Antes mesmo do primeiro intervalo comercial, morre Eugênio Gouveia (Mauro Mendonça), não sem antes revelar a Bete (Fernanda Montenegro) que seu filho, que ela imaginava ter nascido morto há cinquenta anos, estava vivo, na Itália. O filho, Totó (Tony Ramos, alvo das brincadeiras sobre o apelido canino de seu personagem). Cada final de capítulo, nos primeiros dois meses, terminava não só com um, mas três ganchos, enquanto muitos de Viver a Vida terminaram naquela vibe de "me passa o sal". Todos babaram com a novela, extremamente aplaudida pela crítica, especializada ou não.

Mas o tempo passou, e os defeitos começaram a aparecer. Não em relação a Clara, uma construção excelente de Mariana Ximenes, provavelmente o papel de sua vida. Tampouco Tony Ramos que mostrou mais uma vez o grande profissional e ser humano que é, dedicando-se a cada trabalho com a mesma verve que dedicou ao primeiro. Mas, realmente, ouveram falhas crassas. A personagem Diana, de Carolina Dieckmann, não convenceu como mocinha, tampouco atraiu o público seu triângulo amoroso com Mauro (Rodrigo Lombardi) e Gérson (Marcello Antony). Não dá pra mentir, dizendo que a personagem deixou saudades após morrer de parto. Diana foi tarde, realmente. Em parte, talvez, pela atriz, mas acredito ser uma culpa menor. O texto e a construção da personagem foram a grande pisada de bola. Diana foi, realmente, um equívoco.

Fernanda Montenegro, mesmo ela, parecia interpretar sua Bete Gouveia no piloto-automático. Não era ruim (é quase um sacrilégio criticar Fernanda Montenegro), mas não tinha metade da emoção de trabalhos anteriores. Pareceu bastante com aquela interpretação que a pessoa faz por amizade ao autor, à diretora, ao elenco, enfim. Nada que envolva emoção própria, doação, entrada de cabeça no papel, etc. Posso estar sendo injusto, mas foi essa a minha percepção. Caso semelhante se observou em Francisco Cuoco, e um Olavo da Silva com aquele riso frouxo que o ator tem teimado em demonstrar em todos os seus últimos trabalhos. Bruno Gagliasso, vindo do ótimo (e sequelado) Tarso de Caminho das Índias, também forçou a barra com Berilo, tanto na safadeza do italianinho quanto no sotaque que estava, decididamente, ruim. E Reynaldo Giannecchini não conseguiu atrair para seu primeiro vilão, Fred, um terço da popularidade do cômico Pascoal, excelentemente interpretado por ele na última parceria com Sílvio de Abreu. Nesse caso, mais uma vez, não culpo o ator. Vilões masculinos não costumam ter grande repercussão.

Claro que tenho, também, quem elogiar. Irene Ravache, depois de Mariana Ximenes, foi o grande nome da novela. Sua Clô foi uma inesquecível e grata surpresa, com um espalhafate bem construído e apaixonante. Realmente, é uma forte candidata ao prêmio de Atriz Coadjuvante do Ano de 2010 (numa séria disputa com a Jaqueline Maldonado de Cláudia Raia, em Ti Ti Ti). Gabriela Duarte conseguiu, finalmente, livrar-se do carma de suas personagens boazinhas e politicamente corretas, e deu vida a uma Jéssica com muito fogo debaixo da camisola. Mais por ela que por ele, rendeu bons momentos na relação caliente com Berilo. No campo da terceira idade, merecem meus sinceros aplausos Leonardo Villar, Elias Gleizer (numa maré de bons personagens), Aracy Balabanian e Emiliano Queiroz. Mas aplaudo de pé mesmo é Cleyde Yáconis, e sua excelente dona Brígida, a irritante e irritável sofra de Bete Gouveia, uma construção impecável, que mostra que bons atores permanecem bons mesmo com o avançar da idade.

A história de Passione se perdeu em seu meio. Confundiu o público com a sua teia extremamente incestuosa de poucos personagens. Necessariamente, alguém era primo de alguém, que era filho de alguém, que era sobrinho de alguém, que era irmão de alguém. Causou estranheza, afastou pessoas, que cansaram da novela, mudaram de canal pra TV paga, ou vieram para a Internet.

No fim das contas, Passione pegou mesmo no último mês, quando os entrechos finais conseguiram, finalmente, dar altos índices para o horário. Mas já era tarde, e a novela fechou com uma audiência média de 35,1 pontos, assumindo o posto de pior média do horário, ocupado anteriormente por Viver a Vida. Um posto, na minha opinião, injusto: apesar dos pesares, Passione teve muito mais história e uma condução mais competente (o que, convenhamos, não é grande esforço).

A resolução mistério final veio confirmar a falta de motivação, e mesmo de criatividade, de chocar o público. Com a exceção do mistério central de A Favorita, tivemos, em geral, assassinatos misteriosos cometidos pelo próprio vilão da novela, o que não poderia ser mais frustrante para os fãs do gênero policial. Clara matou Eugênio a mando de Saulo, e Saulo por vingança, bem como Laura matou Lineu Vasconcelos em Celebridade, Bia Falcão foi a responsável por prejudicar Júlia em Belíssima e Olavo Novaes matou Taís em Paraíso Tropical. Preferia, sim, que fosse alguém inusitado: quem sabe, dona Brígida, Mimi ou mesmo Bete Gouveia?

Passione, mesmo com todos os problemas, passa o horário em alta para sua sucessora, Insensato Coração. A próxima novela das nove (e a primeira que vem com essa alcunha) começa com pouca especulação e, talvez, uma história bem balizada. Se Passione foi uma boa história contada de forma equivocada, esperamos sinceramente quem o mesmo não aconteça com a trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Se o assassinato do vilão Léo (Gabriel Braga Nunes) está previsto na novela, faço votos, desde já, para que Norma (Glória Pires) não seja assassina e, diferente do que tem feito ultimamente seus colegas de profissão, seus condutores me deixe boquiaberto.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O que nos aguarda no BBB 11


Já é público para todos os leitores deste blog que sou fã de reality-shows, em especial do carro-chefe dessas atrações desde que estreou, seja pela estrutura da emissora que o transmite, seja pela repercussão mundial que o mesmo tem. Sou fã do Big Brother Brasil que, na próxima terça-feira, entra em sua 11ª edição. O que esperar dessa nova temporada? Quais características marcarão a edição e quais as novidades trazidas pelo elenco escalado por Boninho e cia?

Pela primeira vez, tivemos uma edição do reality com pouquíssima especulação. Nada de pré-listas, pelo menos uma semana antes da estreia prevista do programa. Parecia que o interesse do público em relação a essa edição tinha caído após a vitória de Marcelo Dourado, que desagradou a muitos. Seria o fim do grande sucesso televisivo? Estaríamos diante do sinal de qu e o BBB já deu o que tinha que dar? Aparentemente, não.

Após a segunda-feira, dia 03 de janeiro, quando se imaginou que os nomes dos protagonistas dessa edição seriam divulgados, e Boninho começou a levar-nos em banho-maria, a apatia aparente mudou. A Internet virou palco das mais esdrúxulas listas de possíveis participantes, muitas delas contando com até 20 nomes. Dentre os mais cotados, celebridades do Twitter figuravam, dadas como "certas", até que seus perfis na rede de microblogs era atualizado e a expectativa em torno do nome ia por água a baixo.

O diretor do programa, então, afirmou no dia seguinte que faltavam ser escolhidos 6 participantes, e o martelo só seria batido na quinta-feira (ou seja, hoje), minutos antes dos nomes entrarem na mídia. Mas, como sempre, era uma despista. Ontem à tarde, a lista saiu no site oficial da emissora.

Apenas meia hora depois, sites, portais, blogs e redes sociais já pululavam de informações rastreadas sobre os 17 participantes selecionados. O site da Globo ajudava a aumentar o "ti-ti-ti", com manchetes como "produtora fez topless de Darth Vader", "administrador posou nu para revista gay" e "Jaqueline foi dançarina do cantor Latino". E dá-lha críticas sobre o novo elenco. Para Maurício Stycer, da UOL, a Globo colocava, com o BBB 11, "os dois pés na baixaria", com um elenco demasiadamente apelativo no sentido de buscar corpões sarados e exibicionismo.

Realmente, a produtora Diana, carioca de 29 anos, posou da forma que veio ao mundo, com uma máscara do vilão de Star Wars. O carioca Rodrigo, amigo das ex-sisters Elenita e Anamara, já fez o mesmo na G Magazine, periódico dedicado ao público homossexual. E Jaqueline, além de dançar pra Latino, também foi rainha do Carnaval, dançou no Caldeirão do Huck e participou do Bonde Faz Gostoso. Isso fora o baiano Lucival, com perfil bem visitado no Facebook, e Talula Pascoli, tida como a pré-favorita da edição.

Mas o maior alvo de comentários foi a cabeleireira Ariadna Thalia Arantes. A figura, cujo perfil foi rastreado por toda a rede, é, segundo fotos extremamente comprometedoras em um site adulto espanhol, um travesti. E, segundo corre na boca-pequena, fez uma cirurgia eliminando, digamos, os vestígios de sua masculinidade.

No mais, outra novidade foi a estudante Paula, de Roraima, uma gordinha. Boninho, desde o ano passado, desejava escalar uma para o programa. Dessa vez, teremos uma participante acima do peso, e com um belo rosto. Sua personalidade, ao que consta em seu perfil no Orkut, é mais autoconfiante do que deveria...

Diferente de muitos, que votaram e fizeram vencer o "sequelado" Kleber Bambam, o "caubói" Rodrigo, o "macunaíma" Dhomini, fora os "superpobrinhos", que eliminaram meio mundo, e chegaram a vencer o programa, unicamente por sua posição social desfavorecida, sempre fui a favor do "BBB Show", onde vale tudo para chamar a atenção. A turma do BBB 11 não parece ser plural como a do ano passado (que não ganhou esse título apenas pelos participantes gays, mas por conter, também, as celebridades virtuais, a intelectual e os ex-participantes), mas tem tudo para ser a mais polêmica. Em considerando a expressão "eu quero a vaia", do mestre Nelson Rodrigues, pro qual inquietar o público é a marca da arte, a nova edição parece que cumprirá com seu papel. Vejamos o que acontecerá. E, a julgar pelo Ibope em alta nesse início de ano, o BBB tem chances de começar com o pé direito, também nos números.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Perspectivas televisivas de 2011

Buenas gauchada! Ops, desencarnando o Max Martinez aqui (instantes, por favor...). Pronto. Salve, leitores do Cult! Feliz 2011! Depois de um longo e tenebroso inverno sem postagens, aqui retorno para falar-lhes sobre as perspectivas em nossa televisão neste ano novo. Muita coisa vem por aí. Boas ou ruins, só o tempo dirá. Muito mudou no mundo televisivo desde os idos dos anos 70, quando 80 pontos era a média diária de uma novela das 8. Hoje, 40 pontos é ibopão, e, pela primeira vez, a atração máxima da emissora é anunciada como "a nova novela das 9". Sinais dos tempos, caros amigos.

Pois bem. Afinal, o que vem por aí? Cá estamos para falar-lhes. Começando pela Rede Globo, teremos um mês de janeiro bem movimentado. Dia 10, acontecerá o retorno de O Clone, sucesso inconteste de 2001, tentando recuperar o antigo fôlego do Vale a Pena Ver de Novo. A fim de aplainar a preocupação dos fãs com os cortes sangrentos na parte mais forte da trama - a questão das drogas - Glória Perez e a Rede Globo se adiantaram a dizer que a novela passará praticamente na íntegra, com corte apenas do que REALMENTE for muito forte pro horário. Veremos. O que não dá é um equívoco feito Sete Pecados, que necessitou ser cortada numa média de 50% de sua exibição original.


No dia seguinte, os fãs de reality shows encararão a 11ª edição do Big Brother Brasil. Depois do sucesso da edição comemorativa de número 10, e seu controverso vencedor Marcelo Dourado, vemos, talvez, a edição na qual enxergo a menor especulação de todas. Se isso terá algum efeito prático, ninguém sabe. A única informação até então são as reformas na casa, que agora será biplex, e terá um de seus pisos superiores feito em vidro, e a notícia de que a pré-seleção em muito agradou os diretores, o que significaria um bom elenco. Será? Esperança, pessoal!

Dia 17, entra "a nova novela das 9", Insensato Coração. A trama, aparentemente simples e despretenciosa de Gilberto Braga e Ricardo Linhares tem uma das chamadas com o menor oba-oba que já vi no horário. Considerando que as expectativas foram grandes pra Viver a Vida e Passione, e deu no que deu, me animo com a falta de pretensão. Além do mais, tenho o maior respeito com a equipe que ali está, conseguindo pôr uma novela no ar com todos os problemas enfrentados.

Ainda este mês, minisséries oriundas de filmes nacionais imperarão, numa média de 3 a 5 capítulos. São a versão seriada de O Bem-Amado, Chico Xavier e Amor em 4 Atos. Vale a pena conferir, mesmo para aqueles que viram no cinema. Das séries, a mais cotada pro ano é Batendo o Ponto, mas eu fico na torcida pra ver também na programação fixa a ótima Diversão & Cia.


Ao longo do ano, as atrações vêm com novidades nos demais horários. Depois de uma experiência de época com os anos 50 e uma dinâmica novela contemporânea (dois sucessos), Thelma Guedes e Duca Rachid chegam com uma passagem pelo sertão nordestino. Cordel Encantado é a próxima das seis. Às sete, eu e muitos outros ficaremos órfãos de Ti Ti Ti. Em seu lugar entra Morde e Assopra (ou seja lá qual for o título), de Walcyr Carrasco. Expectativas? Com uma mistureba de Japão, robôs e dinossauros, prefiro ver pra dizer qualquer coisa.

Do horário nobre em diante, dá pra dizer que o ano é de Aguinaldo Silva. Logo em abril, teremos Lara com Z, spin-off da otimamente sucedida Cinquentinha, e estrelado por Suzana Vieira (sim, ela canta, mas também atua). E, após Insensato Coração, a seguinte das nove será, também, do autor: Fina Estampa. Pois é... minha expectativa era pra assistir algo como "As Aventuras de Aguinaldo Silva no Mundo Digital", mas, pelo visto, terei que esperar um pouco para ter meu sonho realizado...


Se no ano passado demos vivas à estreia do Viva, esse ano o canal pago trás ótimas novidades pro público saudosista. Ontem mesmo tivemos o retorno da TV Pirata,come seu humor ácido e inteligente. Por aí vem também O Rei do Gado, em substituição a Por Amor, e Vamp entra no lugar de Quatro por Quatro. Lugar de novela boa é no ar. Parece que, finalmente, a Globo aprendeu isso.

Saindo do âmbito global rumo ao SBT, teremos a estreia de Amor e Revolução, de Tiago Santiago, contando com a colaboração de Renata Dias Gomes, e Corações Feridos, de Íris Abravanel. Da minha parte, faço votos pra tio Sílvio não acorde "com a cabeça prum lado", disposto a mudar de planos. O núcleo de dramaturgia do canal agradece.

Na Record, a "Malhação mexicana" Rebelde (y soy rebelde... quando no sigo los demás...) ganhará versão tupiniquim, em mais uma parceria do canal do bispo com a mexicana Televisa. Já tive mais preconceitos com esse tipo de aliança, mas, apesar da minha antipatia com Edir Macedo e cia, a produção bacaninha de Bela, a Feia mostrou que a Record faz isso com mais competência que o SBT. Pra começar, não só traduzem o texto. O elenco de Rebelde, em boa parte oriundo das últimas temporadas de Malhação, guarda algumas surpresas positivas. Ou não.


No mais, teremos a chegada de Hebe Camargo à Rede TV!, depois de mais de 20 anos no SBT. Bom pra emissora, que tem uma "prata da TV" em seu casting, e pra ela, num lugar em que chega com honras de rainha.


De resto, é aguardar para saber qual influência tais novidades terão nos rumos de nossa televisão. Seja com novidades, retrôs, remakes ou qualquer outra forma de atração, ficamos na torcida para uma programação melhor, e uma liberdade de imprensa mais plena. Nisso, a esperança se defronta com um medo tremendo, but... é esperar as cenas dos próximos capítulos. Abração!