sexta-feira, 9 de julho de 2010

Hair - "a década que nunca acabou" e seus filhos

Saudações, leitores! Venho pedir desculpas (isto está se tornando uma constante...) pelo atraso das postagens. Realmente, meu dia-a-dia não tem sido nada tranquilo, e tenho estado atarefado nesse fim de semestre. Mas tais questões não vêem ao caso. Ou vêem, neste caso. Consta que ontem, um filme que vi na universidade influenciou o post de hoje. Trata-se de Hair, o clássico dos anos 70, que eu ainda não tinha assistido, apesar de todas as indicações. E depois de vê-lo, confesso que ainda não parei de refletir sobre seu conteúdo.
O filme, baseado no musical Hairspray da Brodway, narra o contato de Claude (John Savage), um interiorano, vindo de Oklahoma para Nova York, com um grupo de hippies, liderados por Berger (Treat Williams), que o adotam na cidade. Os valores trazidos por Claude, que vinha alistar-se no exército americano, que iria para a Guerra do Vietnã, chocam-se com o ideal da liberdade pregado por Berger e seus amigos. A relação, porém, ao contrário do que poderia se imaginar, gera uma grande amizade, no mesmo turno em que Claude conhece e se apaixona por Sheila (Bervely D'Angelo), uma rica e mimada jovem da sociedade nova-iorquina.

A trilha sonora do filme, marcada por clássicos como "Age of Aquarius" e "Let the Sunshine In" marcou uma época. Não só por retratar jovens em suas situações peculiares na década de 60, mas por trazer consigo a reflexão da quebra de paradigmas. A contracultura hippie contrastava com a hipocrisia da sociedade americana da época, que acompanhava o dia-a-dia tenso da Guerra Fria. A sinceridade nos atos e palavras ficava por conta daqueles negavam-se a participar de tudo aquilo, e a viver sua vida alternativa. Uma amizade que leva Berger e seus amigos a procurarem Claude no campo de treinamento, e a trocar de lugar com ele no mesmo, chegando a ir para a guerra em seu lugar.

Desde sempre, sou um jovem que imagina ter nascido na época errada. Tenho saudade do tempo que não vivi. Me identifiquei com Claude, o cara certinho que vê diante de si uma nova forma de viver. O romantismo hippie guardava consigo muito mais que inconsequência juvenil. Era um sincero grito de protesto contra a realidade de sua época. Os cabelos black-power e as roupas coloridas tinham um significado maior do que meramente contrastar com suas famílias ou exaltar sua rebeldia. Tinham um significado dignificante. Eram uma arma letal contra os fundamentos de um mundo dividido. Levantavam uma bandeira ora branca, ora multicolorida, entre os panos oficiais, americanos e soviéticos.

Diziam "faça amor, não faça guerra". E com isso, diziam muito, muito mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário