De saída, é fato que sempre fui um expectador assíduo do BBB,
e insisto em acompanhá-lo, apesar de reconhecer os defeitos crassos das últimas
edições. Boninho tem, desde a estreia do reality, em 2002, apostado fichas na
mesma receita, mas com temperos diferentes, a cada ano. E nisso, já tivemos
cowboys, macunaímas, superpobrinhos e coloridos. As escolhas, despretensiosas e
felizes das primeiras edições, foram levando a uma superespecialização, tanto
da direção do programa quanto dos próprios candidatos, a optar por “BBBs
profissionais” – subcelebridades, que vivem a vida intentando chegar até o
programa – e, consequentemente, a uma perca da espontaneidade dos
participantes. Essa estratégia bem que funcionou por algum tempo, mas começou a
gorar, a meu ver, a partir da 9ª edição.
Como uma parábola que já se mostra em sua curva decrescente,
o Big Brother Brasil já amargava, nas duas últimas edições (as duas seguintes
ao exemplar BBB10, um hiato positivo nessa perca de qualidade), além da perca
sucessiva de audiência, uma série de percalços. Seja na aposta em um time
fraquíssimo em 2011, que levou à vitória de uma nulidade como Maria Melilo,
seja na turma menos apelativa, mas igualmente fraca de 2012, que levou à
vitória de Fael – que, um cowboy nos moldes do Rodrigo da 2ª edição, deixou a
todos com um gosto travoso de déjà vu. Tudo isso associado ao constrangedor
caso de suposto estupro, durante a edição passada, o que só acentuou os
holofotes negativos, a onda de críticas da imprensa marrom, entidades
pseudomoralistas e canais rivais – e, o pior de tudo, a perda de vários
anunciantes.
Diante de um momento de inegável crise, a pergunta era: o
que fazer? Apesar dos pesares, o Big Brother tornou-se uma instituição difícil
de se ignorar na TV brasileira. Seja pelos fãs ardorosos, seja pelos críticos
igualmente fanáticos, é possível dizer tudo, menos que o programa não causa
alvoroço, disse-me-disse, babado, confusão e gritaria. É nesse contexto que
surge a 13ª edição – à qual Pedro Bial resolveu chamar de “BBB Crazy” –, que
estreou na última terça-feira (8), com mais do mesmo travestido de cara nova.
Esse ano, o reality investiu em dois elementos de sucesso em
edições anteriores: a Casa de Vidro, que marcou a 9ª edição, e a volta de ex brothers,
que foi uma das principais vedetes da edição de número 10. No envidraçado
colocado no Santana Parque Shopping de São Paulo, foram confinados 6
participantes, aspirantes a BBBs, que inauguraram os trabalhos do programa
antes mesmo da estreia, como uma espécie de aquecimento das turbinas.
Estratégia acertadíssima de Boninho, a Casa de Vidro fez com que o BBB
começasse dias antes, tanto para os visitantes do Shopping, quanto para o público
do site do programa, que pôde acompanhar, de já, as peripécias de André,
Bernardo, Kamilla, Kelly, Marcello e Samara. Diferente do que aconteceu nas
edições anteriores, onde a Casa de Vidro era apenas uma exposição de micos
amestrados, dessa vez, a morada cristalina guarda um programa paralelo, com
intrigas, estratégias e pseudorromances próprios. Destaque para o brasiliense
André Coelho e para a curitibana Kelly Baron, que estão apelando pro sex
appeal, bem como para a paraensa Kamilla Salgado, “complicada e perfeitinha”,
que já começou a balançar as estruturas da casa com algumas discussões de
relação. Ela e o carioca bonitão Marcello Soares são candidatos fortíssimos a
entrar no programa hoje à noite.
Quanto aos ex-BBBs, o critério de escolha foi o fato de terem
“causado” nas edições em que estiveram. E nisso, tivemos a entrada de Anamara
(BBB10), Eliéser (BBB10), Fani (BBB7), Natália (BBB8), além dos vencedores
Kleber Bambam e Dhomini, respectivamente da primeira e da terceira edição do
reality. Todos escolhas acertadas – a meu ver, nenhum pra ganhar, mas todos
para movimentar a casa – à possível exceção de Eliéser, que me pareceu uma
escolha desnecessária, podendo muito bem ter seu lugar ocupado, por exemplo,
pelo Dr. Rogério do BBB5, ou qualquer outra pessoa que tivesse pisado na casa.
Mas enfim.
Os participantes novatos que entraram direto na casa constituem
um grupo interessante sem ser apelativo, uma combinação que se imaginava
impossível, em termos de Big Brother Brasil, até então. Atendendo à opinião do
público de que faltava conteúdo nos brothers, a produção optou por alguns
candidatos que podem tirar seu carisma de um papo inteligente, como o
pernambucano Aslan, o paulista Ivan e o gaúcho Nasser. O galã capixaba André
também não parece ser um tipo vazio. Dentre as mulheres, o perfil “bonitas, mas
com conteúdo” também é marcante, quando observamos a esteticista paranaense
Andressa, bem como a advogada e a dançarina de flamenco mineiras, Fernanda e
Marien. A única exceção a essa regra é a carioca Aline, uma versão real life da
Penha, personagem de Taís Araújo em Cheias de Charme, que tem arrebanhado quase
tantas gargalhadas quanto gritos de fúria com seu carioquês, suas gírias
suburbanas e seu jeito estourado.
Pelo que se notou na prova do líder que se realizou ontem, a
ideia dos primeiros dias do programa é opor veteranos e novatos – o que,
aparentemente, não será difícil. Outro gol de Boninho. O programa começou
pegando fogo, com discussões, boas provas e doses de carisma. Podemos estar
diante na melhor edição do BBB dos últimos três anos – pelo menos.
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