domingo, 7 de julho de 2013

Paisagens da minha janela



Para ler ao som de Lô Borges.

Não era o sentimento de sempre. Era um pouco mais estranho do que o de costume. Outro dia, eu estava chegando, sozinho, e já me batia aquela vontade maluca de ir embora pra casa. Mas naquele dia, naquele ônibus, olhando a paisagem da cidade pela janela – naquele começo de noite de sábado – o sentimento era o de uma estranha saudade. Da cidade? Talvez não? Não sei exatamente o que foi.

Talvez uma saudade da experiência. Talvez uma saudade do quanto foram simples e bacanas aqueles dias, o que poderiam parecer dias quaisquer pra qualquer um. Mas que, por algum motivo, não foram.

Bateu uma melancolia, misturada com alegria, misturada com uma saudade gostosa do que estava terminando ali. Ou que talvez não tivesse terminando. Vai ver, seria o início pros dias seguintes, em uma série de sentidos. E eu olhava as paisagens da minha janela, e, melancólico, eu via algumas gotas de qualquer coisa imperceptível. Vai ver um homem de gelo que, relutantemente, insistentemente, insiste em se manter firme em seu cristal cerrado e nebuloso, de repente, se desse ao direito de se aquecer um pouco. Algo de um Peter Pan adormecido gritava – um grito sussurrado, mas não menos um grito –, pedindo para que um calor genuíno não morresse.

Acho que isso sempre acontece comigo quando eu me dou o direito de ser esse outro lado do meu “eu”. Quando eu me permito sorrir um pouco mais dos meus próprios defeitos, e relaxar. Quando eu olho pros lados e escuto nas entrelinhas um “olha, não tem medo de respirar, que também faz bem”. E as pequenas coisas se tornam grandes, e fazem um pouco mais de sentido.

As paisagens da minha janela refletiam alguém que viveu ostentando seu singelo sorriso de maquiagem de palhaço, e confrontou-se com alguns sorrisos mais largos, mais sinceros, e pensou que também fossem possíveis pra ele. As paisagens em movimento, que voltavam pra casa, talvez refletissem que pra casa voltaria alguém que talvez esteja vendo o mundo com olhos mais calorosos, e que agora se dariam ao direito de marejar de vez em quando, e de derreter a camada espessa de gelo. As paisagens mostravam o movimento da estrada, a cidade que talvez tivesse cores outras, porque era outro o que a percorria de volta, e que a vislumbrava.

Daquela janela lateral, eu via um sinal de glória. Mas não de glórias megalomaníacas. De uma glória singela, silenciosa, expressa em um sorriso refletido no vidro embaçado.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Poeminha pra extravasar

Patrulhamento ideológico não me representa.
Generalizações não me representam.
Internet lenta não me representa.
Ideologismo político não me representa.
Sindicato não me representa.
Definições não me representam.
"Escolher um lado" não me representa.
Ditadura não me representa.
Anarquia não me representa.
Cegueira religiosa não me representa.
Ateísmo não me representa.
"É tudo um bando de vândalos" não me representa.
"Só se consegue o que se quer na porrada" não me representa.
Reacionarismo de direita não me representa.
Reacionarismo de esquerda não me representa.
Astrologia não me representa.
Demonização do PT não me representa.
Demonização do PSDB não me representa.
Demonização da Veja não me representa.
Demonização da Globo não me representa.
Copa do Mundo não me representa.
Dilma Rousseff não me representa.
Luís Inácio não me representa (mais).
José Serra não me representa (mais).
Marxismo não me representa.
Positivismo não me representa.
Frito de tripas não me representa.
Palavra de ordem não me representa.
Greve não me representa.
Quebra-quebra não me representa.
Coquetel molotov não me representa.
Bala de borracha não me representa.
Tiro não me representa.
Comunismo não me representa.
Maconha não me representa.
TFP não me representa.
Mensaleiro não me representa.
Anão do Orçamento não me representa.
Bolsa Família não me representa.
Hall's preto não me representa.
Hall's branco não me representa.
Cotas raciais não me representam.
Ronaldo Fenômeno não me representa.
Che Guvera não me representa.
Augusto Pinochet não me representa.
Xuxa não me representa.


O pior é que
Tanta coisa
Mas tanta
Tanta coisa
ME REPRESENTA


Respeito ao outro me representa.
Clube da Esquina me representa.
Torquato Neto me representa.
Jomard Muniz de Britto me representa.
Ariano Suassuna me representa.
Chacal me representa.
Telenovela me representa.
Honestidade me representa.
Meritocracia me representa.
Ser professor me representa.
Música pop me representa.
Música erudita me representa.
Rock'n'roll me representa.
Tropicália me representa.
MPB me representa.
Empadão de frango me representa.
O Teatro Mágico me representa.
Cícero me representa.
Cinema experimental me representa.
Cinema Novo me representa.
Blockbustter de Hollywood me representa.
Musical da Broadway me representa.
Legião Urbana me representa.
Arnaldo, Carlinhos e Zé me representam.
Cavaleiros do Zodíaco me representam.
Goku me representa.
Lisa Simpsom me representa.
Harry Potter me representa.
Otimismo me representa.
O Fantástico Mundo de Bobby me representa.
Glee me representa.
Democracia me representa.
Liberdade de imprensa (mesmo a reaça) me representa.
Jogo limpo me representa.
Diversidade de ideias me representa.


Mas elas não cabem no noticiário
Não cabem no Facebook
Não cabem nesse blog
Não cabem nas páginas dos livros

Elas são desimportantes
Desinteressantes
Alienadas
Reacionárias
Subversivas
Bobocas

Vai ver
Eu é que não represento ninguém.

domingo, 5 de maio de 2013

Sangue Bom: o bálsamo das 7




De alguns anos pra cá, minha relação com as telenovelas já se transformou algumas vezes. Num passado nem tão distante (até porque a idade não permite, rs), eu assistia novela unicamente pra me divertir, pra curtir a história. Depois, quando se tornou mais forte uma certa vocação para a escrita, passei a ver novelas com um olhar mais crítico, mais técnico, chegando até mesmo a criticar novelas no ar por serem por demais folhetinescas (folhetim que é, afinal, a marca da telenovela desde sempre, ora bolas...). Hoje, o pouco conhecimento mais técnico que adquiri, e um pouquinho mais de maturidade, me fizeram voltar a ver as novelas pra me divertir. Meu conceito de “novela boa”, desde então, não é a mais bem elaborada, a mais tecnicamente perfeita, mas é a que me conquista, e ponto.

E olha: isso não me tornou menos exigente. De uns tempos pra cá, poucas novelas têm ganho meu coração de chofre. A última, sem sombra de dúvidas, foi a divertida e coloridíssima Cheias de Charme, que superou em meu coração até mesmo o blockbustter Avenida Brasil. Antes dela, A Vida da Gente, e, numa escala regressiva, Ti Ti Ti. E é aí que tomo impulso para chegar no tema desse post, que vem pra tirar o SuperCult de seu sono profundo de alguns meses: a sensacional retomada da equipe de roteiristas desse sucesso de 2010 no trabalho que estreou na TV na última segunda-feira (28): Sangue Bom.

Não é segredo que sou um grande admirador do trabalho de Maria Adelaide Amaral e de sua equipe. O prodigioso talento de Vincent Villari, associado ao tom de roteiristas como Letícia Mey, Marta Nehring, Rodrigo Amaral e Tati Bernardi faz dos textos dessa turma, especialmente os voltados para as 19h, um misto de humor e sofisticação. Mesmo as cenas mais bufônicas possuem uma piada inteligente, uma tirada intelectual, que, embora muitas vezes não entendida pelo público médio, não diminui o gosto deste pelo que vê – e é aí que está a genialidade da coisa.

Bem, falemos de Sangue Bom. A novela começa com o pé direito ao trazer duas coisas: frescor juvenil e um tema universal. Quando falo em frescor juvenil não falo de ares de Malhação (apesar do fato de vários de seus protagonistas já terem passado pelo folheteen global). Falo de protagonistas jovens, na faixa dos vinte e poucos anos, o que quebra um pouco com uma tendência dos nossos tempos de terem heróis balzaquianos. A corrente amorosa formada por Marco Pigossi, Sophie Charlotte, Jayme Matarazzo, Fernanda Vasconcelos, Humberto Carrão e Isabelle Drummond compõe um cenário com muito do que há de melhor em termo de elenco nessa faixa etária. Os atores estão muito bem colocados em seus personagens. Pigossi dá vida a um Bento que é bom, honesto, confiante na vida – mas que não é bobo. Sophie consegue transparecer em cada cena a crise de identidade que envolve sua fútil Amora, e que é, afinal, a espinha dorsal da trama. Isabelle é, até esse momento, a melhor em cena, com sua Giane, uma coprotagonista justissimamente entregue a ela, que merece papeis daí pra cima desde sua adorável Cida em Cheias de Charme.

Quanto à temática, a trama tem uma marca muito própria da dupla Adelaide e Vincent desde Ti Ti Ti: trabalhar o “politicamente correto” sem hipocrisia, retirando o seu teor chato e deixando o que ele tem de melhor. Sangue Bom é, por excelência, uma parábola sobre valores. Valores que, mesmo em uma sociedade pós-moderna, em constante transformação, continuam mostrando um conflito humano bastante antigo: a tensão entre o “ter” e o “ser”. Amora, a protagonista, é linda, rica, badalada. Ela tem. Bento, o herói, é pobre, honesto e digno. Ele é. Mas essa relação, aparentemente de preto no branco, vai se transformar ao longo da trama, e torná-la uma bela discussão sobre o humano e sua complexidade.

Para além dos protagonistas, a trama retoma alguns excelentes medalhões de nossa dramaturgia, em papeis nos quais também estão muito bem colocados. Giulia Gamm está muito bem na pele da histriônica Bárbara Ellen, elogio que se potencializa (tanto quanto nas escalas de tom) quando se trata de Marisa Orth e sua Damaris. Malu Mader caiu muito bem em uma mulher simples, uma típica paulistana do subúrbio, que faz o possível e o impossível pra realizar o sonho do filho. Letícia Sabatella reina com sua classuda Verônica, uma mulher que é traída pelo marido.

Em suma, Sangue Bom vem como um bálsamo das 7. Depois de uma Guerra dos Sexos, que foi sem não ter sido, chega uma novela com nome e sobrenome. Uma temática recorrente, uma pegada agradável e um ótimo elenco, que dará prazer de se ver. Vamos embarcar?

quarta-feira, 6 de março de 2013

Sábado no Shopping (ou Crônica de um Observador de Araque)


Uma das grandes vantagens de morar na capital – ou em qualquer cidade de porte médio – é o fato de poder praticar certos ambientes que na cidade pequena não é possível (Desconsidere o fato de que eu sou um homem-de-gelo antissocial e me veja como uma pessoa normal, dessas que sai na rua. Grato). Um deles é o shopping center. Em geral, pelo meu hábito, é comum que shopping seja programa de sábado à tarde – seja para ir ao cinema; seja à Livraria Universitária não comprar nada, olhar, olhar, e despertar a fúria dos vendedores; seja para ir comprar roupa quando se mostra absurdamente necessário. Isso costuma vir acompanhado de uma visita à Praça de Alimentação (e aí você desconsidera que falar de gordices engorda, por isso eu não vou me deter no assunto). Enfim.

 

E, como também é profundamente comum que eu vá ao shopping quase 100% descapitalizado, um dos meus hobbies favoritos é sentar nos bancos, cruzar as pernas e observar as pessoas – de preferência, acompanhado de um interlocutor igualmente mordaz, e igualmente desocupado.

 

Mais do que um empório de estilos, o shopping é um zoológico humano dos mais particulares, uma vez que mostra pessoas em seus momentos mais insanos: o de fazer compras. Aí é um tal de “o preço total que se dane, se a prestação couber no meu orçamento, eu levo!”. Ou não caber, mas a vontade falou mais alto, e tome empréstimo consignado para pagar as dívidas astronômicas. Enfim. É onde boa parte das pessoas perde o último fio que ainda a prendia à racionalidade (recuperado apenas no dia em que chega a fatura do cartão de crédito).

 

Voltando aos tipos humanos observáveis quando se senta, despretensiosamente, num banco pra observar, eles são muitos. Pra começar, sábado à tarde é dia dos adolescentes irem ao shopping. É o típico programa “de manhã teve prova na escola, eu levei bomba, mas antes que chegue o resultado, minha mãe ainda não cortou minha mesada”. E eles andam em bandos. Tal qual a gente costuma ver nos documentários do NatGeo, quando o assunto é andorinhas, adolescentes costumam andar em grupinhos colados, como se houvesse o receio de que venha um inimigo externo de outra nação (ou pior, de outra tribo juvenil) para atacá-los. Para se assemelhar totalmente a uma falange das guerras da Antiguidade, só faltam escudos frontais, traseiros e laterais. Mas isso é só uma questão de tempo.

 

Adolescente que é adolescente não dá a menor bola pra ser original: ele quer mesmo é ser da turma. E ser da turma significa usar o mesmo tipo de roupa, calçar tênis da mesma marca, fazer uma mecha no cabelo da mesma cor, usar os mesmos assessórios, falar as mesmas gírias (tipo aqueles bem constrangedores que dizem “lol” em vez de apenas escrevê-los nos messengers da vida, o que já é por si só embaraçoso) e gostar das mesmas bandas (tipo “a menina que não achar o Pe Lanza um gato será banida até que as estrelas virem pó!”, ou catástrofes semelhantes). E arrisque não preencher um desses pré-requisitos pra você ver. Babado, gritaria, confusão. Ou pior: A SOLIDÃO ETERNA.

 

Outros tipos humanos bem típicos dos shoppings centers – e aqui eu estou tomando o Teresina Shopping como referência – são as tias que usam o sábado à tarde pra fazer o supermercado. Elas costumam ir: 1) sozinhas; 2) acompanhadas de uma amiga; 3) acompanhadas do marido; 4) acompanhadas do marido e dos filhos pequenos. Cada uma delas expressa situações bem particulares: 1) sai do super com um carrinho carregado e pesadíssimo, cujo peso ela decide compartilhar com o primeiro transeunte do sexo masculino, que ela julgue levantar pelo menos 20 kg no supino; 2) vem fofocando sobre uma série de coisas: o preço da abobrinha, a escola dos filhos, a ereção do marido, as dúvidas existenciais decorrente dos diálogos filosóficos entre Kant e Wittgenstein – não necessariamente nessa ordem; 3) vem discutindo sobre como vão fazer pra pagar as compras do mês naquele mês, já que passou 200 reais do ticket alimentação, e o marido afirma, sem sombra de dúvidas, que a culpa é daquela variedade de shampoos que ela comprou; 4) vem chorando, com um carrinho lotado, um marido reclamando do preço das compras, uma filha brandindo uma boneca que ganhou no grito, e um filho abrindo o berreiro porque “não senhor, o chocolate é só depois da janta”.

 

Pra finalizar a diversidade do zoológico, temos os playboys, cujo principal esporte no shopping é a exposição pública de uma figura que, de segunda a sexta, passa 5 horas ininterruptas na academia, onde levanta 100 kg no supino dando gritos ograis. No shopping, ele se enfia com dificuldade em uma baby-look que, eu garanto, se fosse meio número menor estourava, e num jeans tipo embalagem a vácuo. Frequenta lojas de produtos esportivos, suplementos alimentares, roupas e sapatos – grifes caras, porque playboy que é playboy não usa baby look comprada no Paraíba. Na maior parte das vezes, eles passam pelas pessoas – ou por mim, que to ali sentado e não dirijo a palavra a gente dessa laia – falando alto e deixando claro que “Sabe aquela gostosa que apareceu no concurso de modelos da TV local ontem? Yes, eu peguei”. Uma espécie de humilhação pública indireta a pobre de mim.

 

Bom, é hora de ir pra casa e deixar esse mundo insano pra trás. Antes disso, no entanto, passou o último exemplar do zoo-shopping: a periguete. Mas não... ela merece uma crônica só pra ela.

 

 

Fábio Leonardo Brito é nascido e atual habitante de Teresina, capital do Piauí, onde cursa mestrado em História do Brasil. Blogueiro de ponta de rua, na qual nutre o (http://supercult01.blogspot.com), professor universitário, ex-professor da educação básica, choca seus alunos e a sociedade com gostos esquizofrênicos, que vão de novelas da Globo ao cinema de arte italiano (não que haja diferença entre eles). Apesar disso tudo, é boa gente.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

BBB13 - Análise 2ª Semana - Dhomini e a Babel dos veteranos



Chega ao fim a 2ª semana do BBB13, me deixando com uma certeza: jamais se deve subestimar a capacidade humana de surpreender. Motivo: na primeira semana do programa, a casa perdia dois de seus mais populares e divertidos participantes – Kléber Bambam, rei do efeito tico-e-teco, e o campeão da primeira edição (saído por desistência) e Aline, que já dispensa comentários (tendo, aliás, se transformado em uma celebridade instantânea com maior potencial “arroz de festa” dos últimos dias), eliminada pelo público – e deixava nos espectadores o gosto amargo do marasmo. Ou seja, imaginava-se que o BBB13 tornar-se-ia um spa relaxante para os demais participantes, que em nada contribuíam para tornar o programa interessante. E tome gente reclamando de ter gasto dinheiro em vão, assinando o pay-per-view!

 

Mas o mundo e o BBB dão voltas. E se os últimos sete dias não foram tão eletrizantes quanto a primeira semana – que contou com dois barracos em menos de 24 horas – não se pode chamá-los de desanimados. Big Brother é um jogo de convivência, de pessoas reunidas 24 horas por dia. Não se pode esperar que os participantes estejam todos, o tempo todo, ligados no 220 V. Edição nenhuma foi assim. Mas, sim, muitas coisas aconteceram. A saber:

 

- Um racha no grupo dos veteranos – Se a maioria esperava que os veteranos entrassem no programa com ares de experiência e técnicas para jogarem unidos e chegarem até o fim por esse mérito, estavam enganados. Dhomini bem que tentou manter a fleuma de “titio aconselhador”, no qual muitos novatos – como André, Andressa, Fernanda e Marien – caíram como patinhos. Provavelmente, ele não esperava que Aslan, Nasser e Ivan sacassem o seu jogo mais rápido do que os demais e resolvessem articular de já sua saída. O próprio Dhomini, na semana anterior, já havia comprado uma briga com Eliéser. Esse, por sua vez, quebrou o pau com Anamara por motivos anteriores à reentrada no programa, fazendo com que o grupo dos veteranos ficasse ainda mais dividido. De um lado, Anamara e Dhomini (ela uma fã inveterada do segundo). Do outro, Eliéser e Fani (a dupla que, de encoxada em encoxada, pretende passar o tempo no reality da maneira mais prazerosa possível). Natália permanece apagada, e Yuri, o “super chato” do BBB12, retornou mais contido. O certo é que unidos é que eles não estão.

 

- O romance e as crises de consciência de Nasser e Andressa – Formado com Ivan um trio de grandes amigos no jogo, Andressa e Nasser criaram um encantamento um pelo outro. Ela, no entanto, vivendo um namoro de 9 anos fora da casa, entra em crise por viver ou não essa relação do lado de dentro. A crise parece, aos poucos, ser vencida por um edredom e pelas investidas cada vez mais ousadinhas de Nasser. Vamos ver no que dá.

 

- A entrada de Kamilla – a musa da Casa de Vidro, ao entrar no BBB13 com Marcello, mostrou que não vinha apenas para bater palmas, ou pagar de coadjuvante. Seu exibicionismo e seu desejo de cantar aos quatro ventos já têm despertado uma divisão de opiniões na casa. Em verdade, a paraense parece ser uma jogadora muito mais inteligente do que tenta mostrar: aparecer o máximo possível diante da câmera, e fazer o papel da vítima perseguida pelas outras meninas da casa – que teriam, supostamente, inveja de sua espontaneidade – é uma arma interessante para permanecer no jogo. Em geral, o público adora as espontâneas vitimizadas, e o mal estar entre Kamilla e as demais parece uma bomba-relógio prestes a explodir.

 

- O caso do cachorro – Abafada pelo programa, mas com altas repercussões do lado de fora, a declaração de Dhomini, de que teria arrancado a machadadas os dentes de um cachorro de estimação do sítio de sua família pegou mal. Muito mal. A sociedade civil reverberou a fala do participante com notas de repúdio. Dhomini foi vilanizado como pessoa, e isso, associado ao fato de que já demonstrava desvio de caráter na casa, somou-se para sua indicação ao paredão.

 

E que paredão! Maroca, indicada pelo líder Ivan (também muito mais estrategista do que aparenta) enfrentou Dhomini, que levou seis votos da casa. Foram quase 48 horas de votação no ouro e fio, apertadíssima, despertando a curiosidade do público pelo imprevisível. Anamara, mais sensual, menos gralha, mas não menos autêntica. Dhomini, que refinara a canalhice que lhe rendeu a vitória, há 10 anos atrás. A popular La Maroquita do BBB10, ou o campeão Macunaíma do BBB3? A resposta em números, 54% dos votos, foi poetizada por Pedro Bial, que, parafraseando Karl Marx, anunciou: “A história se repete. Como farsa. Perdeu, campeão.”

 

A eliminação de Dhomini nos deixa um recado e uma indagação. O recado é que, nessa edição, pesquisas de popularidade dizem muito pouco: semana passada, Aline era a segunda mais querida nos números da UOL, e foi eliminada com rejeição alta contra um dos apáticos nessa pesquisa. Nessa semana, Dhomini disparava na frente como favorito a vencer, e é eliminado. Maroca está no páreo como candidata forte, mas saber se ela permanece em um paredão contra um dos novatos é uma incógnita. A indagação que paira é, mais uma vez, a dúvida inicial do público do programa: a casa do BBB13 se transformará em uma grande estufa de plantas? Mais uma vez, creio que não. E não só pelas novidades anunciadas por Boninho – o retorno do Big Fone e o misterioso “BBB Vai e Volta”. Mas, principalmente – concordando com Maurício Stycer – porque se tratam de seres humanos, e de sua capacidade infinita de se reinventarem. E a direção do programa se especializou, nesses treze anos de experiência, em contribuir para essa reinvenção.