quarta-feira, 30 de março de 2011

A única Maria do mundo


Ontem se deu a final do BBB mais miado de toda a história. O programa que, como sempre, iniciou-se sob expectativas e especulações em torno de seu novo elenco, decepcionou na escalação. Não faltaram tentativas da direção de alavancar a coisa, mas todas foram em vão: o BBB11 terminou com audiência medíocre, assim como seus participantes. Em meio ao marasmo, quais são as análises possíveis? Porque a edição não vingou? Quais foram os erros de Boninho e cia? Tudo isso, todas as possíveis considerações acerca do programa, servem, também, para refletir sobre sua final, e sobre a construção de sua campeã.


Já não é de hoje que uma das principais estratégias de Boninho na formação do time que entra na casa mais vigiada do Brasil tem seguido um critério-mor: escalar os mais bonitos e polêmicos. Essa tem sido uma máxima do programa, em especial da 9ª edição para cá. Queria-se um Big Brother mais jogado, mais estratégico, menos emotivo que os outros. Conseguiu-se? Sim, em termos. Vencedores como Max Porto e Marcelo Dourado destacaram-se como grandes jogadores e estrategistas.


Particularmente, como grande fã que sou do reality, comemorei quando a nova política da direção passou a ser essa. Já estava cansado de um Big Brother vencido por desmiolados, bam-bam-bans e superpobrinhos. Que vença o melhor jogador, pensei, assim como nas edições americana, alemã, etc. Não torci por Max, torci por Dourado e seu time... mas, entre erros e acertos de palpites, reconhecia méritos nesses BBBs em que se valorizava a inteligência em vez do carisma.


E, como que para me dar um sonoro tabefe, vem a 11ª edição, e me faz discordar de mim mesmo. A edição, mais do que nunca, privilegiava a escalação de participantes, como diria Maurício Stycer, "com os dois pés na baixaria": mais da metade ou tinha pousado sem roupa ou com pouquíssima roupa - isso sem contar os fetiches com máscaras de Darth Vader e, também, vidas pregressas, ligadas a prostituição. E, nos primeiros dias do programa, a grande estrela foi Ariadna, a "fábula do século XXI", transexual, que levantou grande discussão sobre o assunto em todas as mídias. A história de Ariadna parecia ser suficiente para garantir o sucesso do programa - não fosse o fato de que o público a eliminaria no primeiro paredão. Não conformado, o Big Boss criou uma estratégia para tentar reinfiltrá-la na casa, criando a nova Casa de Vidro. Mas não foi suficiente, e Ariadna foi preterida a Maurício. Fazer o quê? Vida, essa...


Ariadna saiu, e a casa caiu no mais completo marasmo. A história que norteava a edição, e que fora a aposta de todas as fichas dos diretores, babou. Ficaríamos com a metralhadora verborrágica de Diogo, a apatia de Rodrigão, os surtos sem-noção de Michelly ("Eu tô de shorts!"), além de Cristiano se esfregando no casting feminino da casa, todo trabalhado no doce de leite. Não contente, e querendo consertar o Boeing em pleno voo, Boninho adapta o expediente americano do Entra-e-Sai, fazendo um paredão em que rodam dois e entram dois, ainda confinados: dessa maneira, entram no programa a miss Adriana e o médico Wesley, com a missão claríssima de botar fogo no jogo.


De fato, Adriana e Wesley movimentam a casa. Adriana engrena um romance contraditório com Rodrigão, fala verdades na cara de algumas pessoas, e ganha um eleitorado forte, ao mesmo tempo em que seu jeito juvenil, e sua mendicância quanto ao amor do rapaz, criam rejeição tão ou mais forte quanto. Já Wesley ajuda a protagonizar uma das principais histórias da casa, que seria levada, enfim, à grande final: passar a cortejar Maria, recém-separada de Maurício, um dos últimos eliminados do programa. Eis que, quando o romance estava em vias de acontecer, MauMau volta da Casa de Vidro, causando um triângulo amoroso totalmente inusitado, e passando a ser vítima da perseguição implacável de uma dividida Maria.


Maria se contradiz, age sem pensar, fala o quer e ouve (muito) o que não quer. Bebe, faz bobagens, se arrepende, chora. Bebe novamente, corre atrás de MauMau, é dispensada por ele. No dia seguinte, tome crises de consciência e ressaca moral. Ressaca não maior que as das bebedeiras astronômicas do tricotante Daniel, que engrena o mais peculiar caso amoroso do programa: com uma palmerinha (what?).


A grande final privilegiou os participantes que, de alguma forma, causaram no programa. Foi resultado da escalação equivocada de Boninho que, ao privilegiar a polêmica, esqueceu dos protagonistas. Afinal, o que marcou o sucesso de edições do BBB como a 3ª, a 5ª e a 7ª? A criação de personagens carismáticos, que despertaram o amor do público. E nisso, chamo a mea culpa: eu, um dos maiores incentivadores desse novo BBB, clamo por um retorno a esse ponto ótimo perdido. O BBB que nos fez amar Manuela e Tyrso, Juliana Alves, Grazzi Massafera, Mariana Felício, Siri e Diego Alemão, Rafinha e Gyselle Soares. Antes o carisma, a construção do vencedor muito, mas muito antes do fim, do que a apatia que se observou esse ano.


Daniel, Maria e Wesley fizeram uma final que coroou o programa em sua mediocridade. O discurso de Bial, ao anunciar Maria como a grande campeã, ressaltou seu passado, e o fato de ter mexido com o imaginário não só masculino, mas também, e principalmente, com a opinião das mulheres sobre si mesmas. Particularmente, embora não torcesse de fato por nenhum dos finalistas, votei pela vitória de Maria por dois detalhes básicos. Primeiro porque, há muito, queria ver Bial anunciar uma VENCEDORA do programa, uma vez que as únicas mulheres que chegaram a esse posto foram Cida e Mara, e, né? Em segundo lugar porque, se formos garimpar os protagonismos, Maria foi a grande estrela do programa. Levou-o nas costas, centralizou sobre si a história. No BBB mais over da história, Maria foi, sim, a melhor.

3 comentários:

  1. Putz, torci tanto por essa biscate. Fiquei feliz dela ter levado.

    Não chego a fazer um estudo aprofundado do programa. Como você, que estabelece, inclusive, justificativas para as atitudes dos participantes.

    "Ah, fulano tem uma estratégia"... Fábio diria. Eu nem.

    BBB é playground. Sento ali, relaxo e depois vou viver. Não necessariamente nessa ordem.

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  2. hahahahah Torci mto pra Maria no final... Pq coitada, sofreu. P* também ama, convenhamos. E quem na vida nunca deu uma choradinha dessas gente. Eu mesma, ja chorei rios.
    Gostei do blog, seguindo

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  3. Bom, eu enjoei de BBB

    Não acompanhei esta esição- apenas pela repercussão. Se tivesse acompanhado, no pouco que vi, eu acredito que teria simpatizado com Diana, pois inteligencia pra mim é um diferencial e as poucas passagens que vi dela mostraram bastante essa face dela.

    Não curti que a bisca tenha ganhado...rs

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