Nilson Xavier
Autor do Almanaque da Telenovela Brasileira
Criador do site www.teledramaturgia.com.br
Crítico de novelas do UOL http://nilsonxavier.blogosfera.uol.com.br
Em 2001, quando tinha apenas 12 anos de idade, ainda usando
a falha internet da cidade em que morava, conheci um site que me despertou para
um assunto que sempre havia me fascinado, e sobre o qual eu adorava conversar
com meus pais, em viagens de carro. Se as conversas com a família me
despertaram para os mistérios de Roque
Santeiro, ou as atitudes de Carlão em Pecado
Capital, foi um espaço virtual conhecido como Teledramaturgia (www.telenovela.com.br)
quem fez com que esse fascínio ganhasse contornos mais amplos.
Alguns anos mais tarde, nos idos de 2009 e 2010, usuário do
Orkut, ingressei em comunidades e espaços de discussão sobre telenovelas e
afins, onde conheci, dentre outros membros de uma constelação, Duh Secco, Eddy
Fernandes, Evana Ribeiro, Fábio Costa, Guilherme Staush, Glauce Viviana, Ivan
Gomes, Jorge Scola, Monique Dantas, Rodrigo Ferraz, Thiago Henrick, Vitor de
Oliveira, Walter de Azevedo e Watson Hermann, figuras que, apesar de privar
comigo apenas da companhia virtual, começavam a fazer parte do meu dia-a-dia, e
às quais eu passava a admirar, por seu conhecimento a respeito de telenovela e
seu humor sensacional nas comunidades virtuais. Dentre essas figuras,
encontrava-se também Nilson Xavier,
que eu já admirava como a figura responsável pela criação do referido site, com
quem comecei a compartilhar comentários sobre as telenovelas no ar, e com quem
passei, também, a dividir momentos no Twitter.
O SuperCult tem o
orgulho de realizar esse bate-papo com Nilson, onde conversamos sobre a
telenovela como esse espaço que congrega tantas pessoas. Falamos sobre seus
momentos marcantes, seu passado e seu (possível) futuro. Confiram!
SuperCult – Há
cerca de dois ou três anos, muito se comentava na crítica, especializada ou
não, a respeito de uma “crise” no gênero dramatúrgico. Em sua opinião, essa
crise existe ou existiu? Por quê?
Nilson - Acho que nunca existiu. O que aconteceu é que as novas
mídias – que se popularizaram a partir do fim da década passada – começaram a
roubar audiência da TV aberta brasileira. Mas, parece, a telenovela está
vencendo mais esta crise. Crises existem para serem contornadas. O sucesso das
atuais novelas comprova isso.
SuperCult – A
Rede Globo tem investido fortemente em telenovelas de novos autores, o que tem
quebrado com a estrutura tradicional que se manteve pela maior parte dos anos
1990 e início dos anos 2000. Que “cara” você acha que as novelas de João
Emanuel Carneiro, Thelma Guedes, Duca Rachid, Bosco Brasil, Felipe Miguez,
Isabel de Oliveira, e agora, João Ximenes Braga e Cláudia Lage estão dando a
esse gênero?
Nilson - Eles estão trazendo frescor ao gênero, o sabor da novidade,
que contrasta com a estagnação e comodismo de muitos dos autores veteranos.
SuperCult – Alguns
autores de telenovela insistem que certos clichês já saturaram, enquanto outros
continuam apostando em fórmulas que sempre marcaram o folhetim. A seu ver, que
relação deve ser mantida entre tradição e ruptura?
Nilson - O tradicional e o inovador devem, a meu ver, andar juntos,
na medida certa. Novela ainda é folhetim, gênero do século XIX. Se deixar de
ser, deixa de ser novela, vira outra coisa. No entanto, inovar é sempre bem
vindo, todos gostamos de novidade.
SuperCult – Como
você avalia a importância das redes sociais, como o Facebook e o Twitter, ou de
blogs que tratam do assunto, para a avaliação de como repercute uma novela, na
atualidade?
Nilson - É novo modo de assistir televisão. É a modernidade, com a
qual a telenovela tem que conviver e se adaptar - como sempre se adaptou, ao
longo de todos esses anos, às todas as tecnologias e “modernidades” que foram
surgindo.
SuperCult – Nos
últimos anos, remakes de sucessos do
passado, como Ti Ti Ti, O Astro e Gabriela vêm repercutindo positivamente, o que suscita a produção
de novos trabalhos na mesma perspectiva, como Guerra dos Sexos e Saramandaia.
A seu ver, além do fato de se tratarem de releituras de novelas consagradas,
qual o grande mérito dos remakes
atuais?
Nilson - Apresentar às novas gerações histórias consagradas que elas nunca
puderam assistir. Existe também uma questão mercadológica: atender o mercado
externo, apresentando histórias consagradas que apenas nós conhecemos aqui.
SuperCult – A
crítica aponta para a valorização, na Rede Globo, de uma “nova classe média”,
usando como referências novelas recentes, como Fina Estampa, Avenida Brasil
e Cheias de Charme. Fenômeno
sociológico, jogada de marketing, coincidência? A seu ver, há um significado
marcante para essa valorização?
Nilson - Reflexo de nossa sociedade atual. Toda a televisão está
voltada para essa “nova classe média”, a que ascendeu. Mas as pessoas esquecem
que telenovela é arte popular. Ou seja, os mais pobres sempre foram retratados.
O que muda é que o dinheiro mudou de mão. Mas este fenômeno já acontecera no
final da década de 1980. Rainha da Sucata,
de Silvio de Abreu, já focava sua história em uma personagem “nova-rica”, com
todas as possibilidades e clichês explorados à exaustão.
SuperCult – Nilson,
sou extremamente grato pela entrevista! O SuperCult
e seus leitores agradecem por sua participação. Vida longa ao Teledramaturgia! Valeu, e abração!
Nilson - Disponha Fabio! Sucesso para nós todos! ;)
Gostei da entrevista. O Nilson é ótimo e sempre o acompanho nas participações na tevê, nos blogs dele e no Twitter. Abraço!
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