sábado, 20 de fevereiro de 2010

Os 10 maiores vilões da história do cinema

Boas histórias se fazem, também, com grandes vilões. Os antagonistas são condutores de ações e movimentam uma narrativa, seja ela em livros, novelas ou no cinema. Como característica essencial, o "bom" vilão deve ser, também, carismático. Um charme deve estar presente em suas vilanias, e, melhor ainda, um ar de segurança ao executá-las. Na ficção, encontramos dos mais variados tipos de vilões: os com ar blasé, os tresloucados, os cômicos, os caricatos, os psicóticos, os que praticamente vêm com uma placa escrita "VILÃO" no meio da testa ou, então, aqueles que jamais imaginaríamos que escondem uma personalidade nefasta dentro de si.

No cinema, o bom vilão é aquele que rouba a cena e, muitas vezes, torna-se mais conhecido até mesmo que o mocinho. Listamos, abaixo, dez dentre os maiores vilões da história do cinema. Confira, e cuidado com o veneno!

10º lugar - Dr. No (007 Contra o Satânico Dr. No)
Ator: Joseph Wiseman
Ano: 1962
O "satânico" Dr. No foi o primeiríssimo vilão da série 007. Baseado no livro "Dr. No", de Ian Fleming, nesta história, o agente secreto da inteligência britânica, James Bond (Sean Connery) luta contra a terrível mente criminosa por trás da SPECTRE, uma rede terrorista equipada com tecnologia de ponta (para a época). Lá, no esconderijo secreto do Dr. No, Bond é aprisionado, não sem antes torturar o arquivilão com seu inteligente humor britânico. O fim do cientista maluco, como de todos os vilões de filme do gênero, é a morte trágica, como vítima de uma de suas próprias invenções: um lançador de rockets que, boicotado por Bond, lança o próprio Dr. No num tanque radiotivo.

9º lugar - Henry Evans (Anjo Malvado)
Ator: Macaulay Culkin
Ano: 1994

Quem desconfiaria da cara de anjo desse garoto órfão, que vai morar com os parentes? Um bom menino, que convence a todos, menos ao primo Mark (Elijah Wood), o primeiro a descobrir sua índole má, mentirosa e até homicida. Causando mortes misteriosas na família, Henry comete "crimes perfeitos", sem deixar pistas. Ainda por cima, deixa sugestões de que o primo, Mark, seja o verdadeiro culpado. Um jovem psicopata que arma o maior dos golpes: matar a mãe de Mark, que tenta impedi-lo de todas as formas.

8º lugar - Cruela DeVil (101 Dálmatas)
Atriz: Gleen Close
Ano: 1996

A vida dos 101 dálmatas do casal Roger e Anita não é nada tranquila com a presença constante da tresloucada estilista Cruela DeVil, que sonha em transformar cachorrinhos em casacos de pele. A vilã de desenho animado se transforma em vilã live-action na pele de Gleen Close. Mais caricata que nunca, Cruela usa de todas as artimanhas para capturar os dálmatas, com a ajuda de seus fieis capangas Jasper e Horácio. O visual de Gleen no filme a deixa mais inesquecível ainda: seu cabelo dividido entre preto e branco, e suas roupas igualmente separadas em duas cores.

7º lugar - Tom Ripley (O Talentoso Ripley)
Ator: Math Damon
Ano: 1999

Baseado no personagem de Patricia Highsmith, o talentoso Tom Ripley tem a capacidade de exercer fascínio sobre as pessoas. Imita com perfeição vozes, assinaturas, as mais detalhadas características das pessoas. Seu dom de convencer faz-lhe ganhar a amizade do jovem Dickie (Jude Law), um playboy, filho do empresário Herbert Greenleaf (James Headhorn). Ganhando a confiança do pai, Tom torna-se cada vez mais íntimo dessa família, da qual tira mais proveito, dia após dia. Tudo não passa de um plano: matar Dickie e assumir sua identidade.

6º lugar - Miranda Priestly (O Diabo Veste Prada)
Atriz: Maryl Streep
Ano: 2006


Miranda Priestly é a editora-chefe da Runway Magazine, uma das mais famosas revistas de moda norte-americanas. Chique, blasé e autoritária, ela consegue transformar em um inferno a vida de Andy Sanchs (Anne Heathway), sua nova sub-secretária, dando-lhe tarefas impossíveis. No ambiente da moda, Miranda é respeitada como uma rainha, embora seu invólucro diabólico esconda uma pessoa com (alguns) sentimentos. O bestseller homônimo de Lauren Weisberger serviu de base para esta personagem, vivida magistralmente por Meryl Streep, e que inspirou diversas outras vilãs, inclusive na dramaturgia brasileira.

5º lugar - Norman Bates (Psicose)
Ator: Anthony Perkis
Ano: 1960

Clássico do diretor Alfred Hitchcock, Psicose marcou o cinema com a cena clássica onde a amoral secretária Marion (Janet Leigh), que acabara de dar um desfalque na imobiliária em que trabalha, é esfaqueada, durante o banho, pelo atormentado Norman Bates. Norman é um rapaz estranho, tímido e dominado pela mãe. O típico personagem masculino de Hitchcock torna-se um dos mais psicóticos vilões da história do cinema.

4º lugar - Duende Verde/Norman Osborne (Homem-Aranha)
Ator: Willem Dafoe
Ano: 2002

A estreia cinematográfica do bluckbustter Homem-Aranha, dirigido por Sam Raimi, traz também o maior arqui-rival deste personagem dos quadrinhos de Stan Lee: o Duende-Verde. Alter-ego do empresário Norman Osborne, o Duende age como sua segunda personalidade, seu lado mau. Com sua armadura (que diferencia o traje característico das histórias em quadrinhos), o Duende morre, no final do filme, vítima de seu próprio veículo. Mas o "espírito" vilanesco continuaria vagando e, em filmes seguintes, encarnaria no próprio filho de Norman, Harry Osborne.

3º lugar - Hannibal (O Silêncio dos Inocentes)
Ator: Anthony Hopkins
Ano: 1991

Por trás da figura serena do ex-psiquiatra Hannibal Lecter existe um assassino frio e canibal. Condenado ao corredor da morte, Hannibal serve de modelo para traçar o perfil psicológico de um psicopata perseguido pela investigadora Clarice Starlling (Jodie Foster). Envolvido na busca por um serial killer, Hannibal consegue armar uma fuga espetacular da prisão, dando vazão para a filmagem da continuação deste filme. A sequência Hannibal, de 2001, porém, não alcançou o mesmo êxito do filme original.

2º lugar - Coringa (Batman - O Cavaleiro das Trevas)
Ator: Heath Ledger
Ano: 2008

"Um palhaço psicopata, assassino em série, esquizofrênico, rude, cruel, sarcástico e com zero em empatia". Essa foi a definição do diretor Cristopher Nolan ao Coringa que seria interpretado por Heath Ledger em Batman - O Cavaleiro das Trevas, a sequência do sucesso Batman Begins. Indicado a 8 Oscar, incluindo o prêmio póstumo a melhor ator coadjuvande a Ledger (que morreu pouco depois às gravações do filme), esta película mostra, talvez, a mais sombria visão da história do Homem-Morcego. Este Coringa, diferente do interpretado por Jack Nicholson em 1989, nada tem de cômico. Sua maquiagem é borrada e sua figura dá medo. A melhor sequência é, sem dúvida, onde ele, vestido de enfermeira, aciona a explosão de um hospital.

1º lugar - Darth Vader (Star Wars)
Ator: David Prowse
Ano: 1977-1983

O mais conhecido e aclamado vilão da história do cinema é o grande protagonista da saga Star Wars, do diretor George Lucas. Desenvolvida em nada menos que seis filmes (!), onde busca contar a história do menino Anakin Skywalker e sua relação com o "lado negro da força". Órfão e criado pelo cavaleiro jedi Obi-Wan Kenobi, Anakin é treinado para ser um guerreiro do bem. Iludido que, juntando-se ao lado negro da força, salvaria sua esposa Padméia, o jovem rapaz começa a ser treinado por Darth Sidious, que se escondia por trás da figura do chanceler Palpatine. Totalmente corrompido, Anakin torna-se Darth Vader e, nos filmes, seguintes, lidera o Império, que tenta conquistar grande parte da Galáxia. Nesta luta, encontra um empecilho na Princesa Leia, lider da Aliança Rebelde. Sob comando da Estrela da Morte, arma de guerra do Império, Darth Vader trava uma batalha sem precedentes, onde termina debatendo-se contra seu próprio filho: Luke Skylwalker. Numa das mais célebres falas do cinema, revela ao rapaz toda a verdade: "Luke, eu sou seu pai".

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Musicais adolescentes: dos "Embalos de sábado à noite" ao "High School Musical"

Como gênero cinematográfico, o musical costuma atrair públicos bastante específicos (para não dizer um público elitista) aos cinemas. Derivado do teatro musical, onde se destaca a Broadway, palco de super-produções americanas nesse gênero, ele variou dos filmes estrelados por Ginger Rogers, Gene Kelly e Fred Astaire até os clássicos protagonizados pelo showman Elvis Presley.


Mas o gênero musical no cinema começou a atrair o público jovem com um filme que foi um marco em termos de figurino e, claro, trilha sonora. Saturday Night Fever (Os Embalos de Sábado à Noite), de 1977, trouxe John Travolta às telonas, lançando-lhe numa carreira meteórica. Os passos de Travolta e Karen Lynn Gorney, ao som de Bee Gees, fizeram história, e tornaram a discoteca uma febre mundial.



No ano seguinte, Travolta protagonizaria um novo musical, tão ou mais marcante quanto o primeiro: o simpático Grease - Nos Tempos da Brilhantina, onde se usou e abusou dos clichês dos anos 50. Uma das trilhas sonoras mais vendidas do mundo, Grease não mostrou apenas um Travolta desenvolto com os passos, mas com uma voz invejável, ao lado da lindíssima (em caixa alta, fonte 72 e repetido mil vezes) e adorável Olivia Newton-John. Numa escola com gangs, separação entre meninos e meninas, rachas, jogos de basquete, líderes de torcida e outros elementos, viamos (e ouvíamos) músicas intermináveis cantadas pelos protagonistas e por um dos conjuntos de coadjuvantes mais bem escolhidos da história. E quem está reclamando? O filme é "fofo", colorido e açucarado do início ao fim.




Em 1979, foi a vez de John Savage viver um clássico dos palcos da Broadway nas telonas. Hair contava a história de um jovem que se alista para ir à Guerra do Vietnã, mas passa a ter contato com um grupo de hippies e ver a vida de outra forma.


O tempo passou e os musicais perderam força entre os jovens. Os adolescentes de meados dos anos 70 tornaram-se adultos de meia-idade nos anos 2000, e guardavam na memória a saudade dos inesquecíveis "tempos da brilhantina" e dos "embalos de sábado à noite". E que sábados!


Eis que, em 2006, a Disney lança o musical High School Musical, trazendo de volta a febre pelos "filmes com música". E impulsiona o lançamento frenético de CDs e DVDs com a trilha sonora. Dessa vez, o casal (que se tornou casal na realidade) Zac Efron e Vanessa Hudgens são a bola da vez, com seus passos bem ensaiados e suas vozes coincidentes.



Ao longo do tempo, os musicais conquistaram públicos distintos. Agora, é esperar para ver o que o cinema (e os palcos) nos trazem nos próximos anos.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A televisão e os desmandos do IBOPE

Como instituições com fins lucrativos, todas as redes de televisão prezam por obterem índices considerados satisfatórios de audiência. Um programa bem assistido implica em mais pessoas vendo os anúncios comerciais dos intervalos, o que traz mais anúncios, cujos espaços são vendidos mais caros pelas emissoras que, por sua vez, lucram mais, etc, etc... Em resumo, todos querem estar bem na fita do IBOPE.

Há algumas décadas atrás, a medição de audiência era feita através de pesquisas de rua, onde pessoas eram entrevistadas e indagadas sobre qual programa estavam assistindo em um horário tal. Com dados individuais e pesquisas quem não eram realizadas todos os dias, não eram incomum que novelas nos horários das 18h ou 19h alcancassem 50 pontos de audiência. Médias do IBOPE no horário nobre, quase todos os dias atingiam 60, 70 pontos de média. Algumas chegavam mesmo a alcançar 80 pontos. Por duas vezes, novelas da Rede Globo bateram o recorde de 100% de audiência: foi o caso da primeira versão de Selva de Pedra (1972), quando a protagonista Simone (Regina Duarte) revelava o grande segredo da trama, e do último capítulo de Roque Santeiro.

Hoje, a medição é feito através de aparelhos que rastreiam as mudanças de canal em aparelhos de TV selecionados em várias cidades do país - e não mais por pessoa na rua, como antes. E o que se observa é uma queda constante nos números, queda esta que se acentua com o passar dos anos. A novela das 20h, principal atração da Rede Globo, que antes atingia os índices supracitados, hoje mal chega aos 40 pontos. Aliás, a própria expectativa de audiência da emissora vem diminuindo com o passar do tempo: de 50 pontos há 15 anos atrás para 45 até o início de 2007, chegando a esperar apenas 40 pontos de média mínima no horário para que sua novela seja considerada um sucesso.

O que esta fria análise de números significa? Que a Rede Globo não é mais a mesma, e que vem perdendo espaço para a concorrência? Que isto é resultado das mudanças de critério de medição? Ou mesmo que a televisão como um todo tem perdido espaço na vida das pessoas, dando lugar a novas mídias, como a Internet?

Todas as respostas podem ser consideradas corretas. O controle remoto chegou para ser o maior pesadelo das consideradas "campeãs de audiência". Na verdade, já faz algum tempo que a Rede Globo não é mais o único reduto de qualidade na televisão brasileira. Obviamente, essa qualidade vem sendo mantida, e crescendo a cada dia. Mas a única, não mais. Outras emissoras conseguem fazer novelas, programas de auditório, reality-shows e programas de variedade cuja qualidade, pelo menos, almeja o "Q" global.

Em relação aos critérios, sim, a sua mudança afeta a medição. O volume de números no IBOPE, que impressionavam, hoje são bastante relativos. Não é possível comparar uma medição que considera pessoas individualmente àquela que leva em conta número de televisores ligados. E esta mesma se tornou bem mais rigorosa: hoje, 1 ponto no IBOPE equivale a 60 mil televisores ligados na Grande São Paulo, quando eram cerca de 55 mil há alguns anos atrás.

Por fim, a televisão digital, a TV a cabo e a Internet têm ocupado espaços onde antes a TV aberta era senhora absoluta. O público, mais exigente que nunca, busca a liberdade de escolha, e, muitas vezes, a especificidade de canais que lhe oferecem uma gama enorme de opções em relação a um tipo específico de produto (filmes, por exemplo).

Mesmo assim, ainda vivemos a guerra das emissoras pela busca de números. A Rede Globo amarga baixos índices com suas atrações às 19h e 21h. A novela Viver a Vida, de Manoel Carlos, há muito está longe dos tão esperados 40 pontos, e os motivos podem ser vistos de longe por qualquer leigo. Já Tempos Modernos, a "atração cult" das 19h, é um porre de se ver, em seus momentos de populacho profundo e mal-elaborado. Em contrapartida, a ótima Cama de Gato segura as pontas às 18h, enquanto a toda-poderosa global tira do forno sua cavalaria: o esperado remake de Ti ti ti e a mais esperada ainda Passione, suspense/drama/comédia de Sílvio de Abreu.

Na concorrência, porém, o clima não é de festa. Apesar do matinal Hoje em Dia, da Record, disputar ponto a ponto com o cansativo programa de Ana Maria Braga (mais o quê?), a emissora da Barra Funda que almeja ser 1º lugar tem perdido espaço pro SBT de Sílvio Santos, já visto por muitos como morto e enterrado no IBOPE. A estaca final foi o horroroso resultado do reality A Fazenda, que nem de longe pode se comparar ao super-sônico Big Brother Brasil 10. Já Sílvio Santos, o franco-atirador, tirou do pensamento essa de superar a emissora dos Marinho, e se contenta em liderar "a TV mais feliz do Brasil".


Felicidade é algo que varia de pessoa pra pessoa (ou de TV para TV). O que dá pra concluir, apesar do grande baque que a audiência vem sofrendo, é que ainda é preciso comer muito feijão-com-arroz para desbancar o 1º lugar.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A alegoria sócio-política na literatura contemporânea




A busca por estabelecer um retrato da sociedade, na literatura, implica em vertentes diversas, que podem ser utilizadas pelos autores. Alguns procuram escrever histórias-verdade, quase uma documentação, reportagem, abordagem supra-realista dos fatos, narrando fidedignamente os acontecimentos e trazendo em seu bojo uma crítica social estampada, quase panfletária; outros, no entanto, recorrem a metáforas as mais diversas para lançar este olhar crítico, arguto, escarnecendo dos problemas da população, dos desmandos políticos, sob um véu anárquico, satírico. Assim nascem as alegorias.

Nesse texto, me ocorreu trazer duas abordagens da literatura contemporânea para retratar esta tendência literária das alegorias sociais e políticas. Em ambas, a arma é o realismo fantástico: os autores procuram no absurdo mostrar aquilo que há de mais claro, de mais real. Para isso, nossos pontos de análise serão duas obras que desnudam a realidade partindo de um ponto comum: a morte. Incidente em Antares, do brasileiro Érico Veríssimo, e As Intermitências da Morte, do português José Saramago.

Veríssimo, escritor gaúcho, famoso pela trilogia épica O Tempo e o Vento, escreveu seu último romance em 1971, auge da ditadura militar no Brasil. Este, justamente, trazia em seu conteúdo uma visão surreal de uma cidade em pé-de-guerra político. Em 1963, Antares, o palco das ações central da trama, vive a disputa política entre as famílias Campolargo e Vacariano, dois grupos tradicionais que engalfinham-se pelo poder na região, mas unem-se contra um "inimigo" comum: o comunismo. Porém, um fato no mínimo curioso ocorre na cidade: sete pessoas morrem mas não são enterradas, devido a uma greve de coveiros. Os mortos, impedindos de "descansar em paz", passam a vagar pela cidade, vasculhando a intimidade de pessoas próximas. Tudo isso com a prerrogativa de estarem mortos e, por isso, não sofrerem qualquer tipo de represália.

Saramago, Prêmio Nobel de Literatura, percorreu os mais diversos caminhos no âmbito da ficção, chegando, em 2005, às Intermitências da Morte. "No dia seguinte ninguém morreu", inicia, assim, sua narrativa, onde divaga sobre a vida, a morte, o amor e o sentido da vida (ou a falta de). Em resumo, o enredo conta a história de um país fictício em que, no dia 1º de janeiro, a Morte negara-se a continuar seu "trabalho". A partir de então, encontramos uma visão do que seria um mundo sem a morte. Os paradoxos de uma sociedade que foi feito, em suma, para renovar-se constantemente, e que, muito em breve, sofreria com o inchaço, dado que ninguém mais morreria. No sétimo capítulo da obra, a Morte envia uma carta à televisão, onde anuncia seu retorno, mas impõe novas regras a ela, sendo uma delas o aviso prévio de morte, que seria dado a todas as pessoas. A humanização da Morte acontece no fim do livro, onde a carta enviada é entregue de volta ao seu remetente, e, numa visão de lirismo profundo, encontramos nela um ser feminino, carente de atenção, que deseja nada mais que ser amada.

O negar-se a morrer é uma forma, no mínimo, interessante de criticar os males da sociedade. Sendo a morte a única verdade incontestável na vida de todos, permanecer vivo - e, às vezes, contra a vontade - é um grande pano de fundo para se dizer às pessoas, aos políticos, ao mundo de uma forma geral, a insatisfação generalizada em relação à realidade. Se a "greve de coveiros" pode ser visto como uma manifestação comunista, a própria "greve da morte" é o maior de todos os protestos contra a ordem estabelecida. Eis aí, talvez, a verdadeira revolução.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Hallelujah - Nerina Pallot, Sandy Leah, Junior & Lucas Lima



A mais recente aparição de Sandy deixa um gostinho do que há por vir em seu primeiro CD solo. De passagem por Londres, ao lado do irmão Junior e do marido Lucas Lima, ela se apresentou com a amiga, a cantora inglesa Nerina Pallot, em seu pocket show da última segunda-feira, cantando "Hallelujah", de Leonard Cohen.


Nerina tem inovado na forma de divulgar as músicas de seu último álbum, tocando-as em casa e lançando os videos na Internet, através da qual os fãs podem interagir, via chat.


A gravação traz uma Sandy mais madura, porém com a mesma bela voz, entonando um clássico melodioso, bem ao seu estilo. Com um inglês que em nada deixa a desejar, a ex-"namoradinha do Brasil" começa a se libertar do estigma da dupla que formou com Junior desde a infância até 2007, quando houve a separação oficial, após a gravação de um Acústivo MTV.


O arranjo deste encontro conta, ainda, com a participação de Junior e Lucas Lima.


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O Oscar vai para...




A disputa pelo Oscar 2010, a princípio polarizada entre o blockbuster Avatar e o filme-verdade Guerra ao Terror remete a uma oposição comum na Academia de Cinema. O que premiar? O filme visualmente mais bonito, com mais efeitos especiais, perfeição plástica... Ou a história mais densa, concatenada, que traga uma mensagem significativa para o grande público?

Avatar, ficção científica dirigida por James Cameron (o mesmo de Titanic), narra o conflito entre colonizadores humanos e nativos humanóides de Pandora, uma das luas de Polifemo. O filme conta com um roteiro de nada menos de 114 páginas, e vem sendo trabalhado pelo diretor desde 1994. Orçado em 237 milhões de dólares, e tendo arrecadado, apenas em seu primeiro fim-de-semana, mais de 232 milhões, o filme é, inegavelmente, um grande sucesso. A crítica constanta ser ele uma inovação sem precedentes em termos de computação gráfica aplicada ao cinema, com visualização 3D e gravação com câmeras feitas especialmente para esse filme. O elenco conta com Sam Worthington como o fuzileiro naval Jake Sully, em missão especial a Pandora; e Zöe Saldaña, como a princesa Neyriti, do clã Omaticaya, reinante no local.

Já em Guerra ao Terror, o realismo é o ponto de partida para a história de Kathryn Bigelow, narrando a luta de soldados americanos contra o terrorismo no Oriente Médio. A perspectiva, claro, é norte-americana, colocando os EUA como "heróis do mundo", lutando contra o "eixo do mal" árabe. Cabe no velho estilo dos filmes de guerra americanos, enfim. O retorno para casa dos mártires ianques, seus sonhos, suas aspirações.

Na luta por bilheterias, e pior, pelo gosto de um grupo seleto de analistas, valem as mais variadas armas. Na evolução crítica da Academia, já vimos serem premiados as megaproduções Ben-Hur, Titanic e O Senhor dos Anéis, bem como o sensível Quem Quer Ser um Milinário?. Vale saber qual das tendências imperará em um ano onde algumas perspectivas políticas transformam-se nos EUA, e começamos a ver o que permanece e o que muda no país democrata de Obama.
Ao público, resta o privilégio de uma excelente sessão pipoca.

BBB 10 - O fim do discurso de Uilliam


A eliminação do dançarino, ator e barman Uilliam, ontem, no Big Brother Brasil 10, mostrou uma constante do público nesta edição: a de uma sensibilidade que diferencia sua postura daquela adotada em outras edições do programa. Não existe, necessariamente, a preocupação em "fazer justiça", eliminando os "maus" e deixando o jogo sem graça, como na 6ª edição. Por outro lado, não se está abdicando do bom senso na eliminação, deixando participantes de personalidade duvidosa em nome do ideal de ver o jogo pegando fogo.

Uil, como era chamado pelos companheiros de confinamento, cansou as pessoas com seu discurso afro-pacifista. Evidenciava-se como negro militante, falava de preconceito e chegou a sugerir uma postura racista em relação a Fernanda, pelo fato de ela não dizer que ele era bonito (como fazia com Cadu e Eliéser, "brancos"). Suas palavras intermináveis sobre a paz mundial e a igualdade entre os homens também soaras como discursos prontos. E ninguém suporta comício, principalmente no BBB.

O discurso de Pedro Bial (inteligente, como sempre) evidenciou a pressão pela qual passam os confinados no pré-confinamento, no hotel, por 10 dias sem nenhum contato com o mundo externo. Em seguida, o confinamento na quente tenda preta, antes de entrar na Casa. Lá, onde ele encontrou Lia, e lhe disse "Vamos Lia. Sai dessa prova de resistência". A sister foi às lágrimas com as palavras, que só se compararam à sua felicidade ao saber que a "prova de resistência" não tinha acabado ainda.
Uma conclusão sobre as eliminações do BBB 10, até agora, denotam um moralismo associado ao senso de que "o show deve continuar". Tirar os participantes, mas deixar que sua veia polêmica aflorem até o último segundo. Assim foi com Elenita, salva na 1ª semana, Alex, que resistiu a três paredões e sucumbiu no terceiro; e Tessália, que cansou com o tom manipulador. Resta saber até quando irão Lia, Dicésar, Dourado e Anamara, os barraqueiros da vez.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Os clichês da "novela cult"


A novela Tempos Modernos, anunciada ainda sob o título provisório de Bom Dia Frankstein, criou uma baita expectativa numa parcela do público que não aguentava mais ver o tom "populacho" de Caras & Bocas, bem como os diálogos acima do tom de Walcyr Carrasco. Este público, no qual me incluo, anseava pelo "cult" que a proposta de Bosco Brasil traria: um prédio inteligente, um computador com sentimentos, a liberdade vigiada, enfim... uma sátira ao 1984, incluindo elementos bem brasileiros.


E haja esperança, quando Caras & Bocas terminou marcando mais de 40 pontos no Ibope, pelo que viria a seguir. A decepção, porém, veio, ou imediatamente, ou em doses homeopáticas, jogando nos espectadores esperançosos uma pá de cal naquilo que imaginou-se uma das melhores coisas já produzidas em televisão. Tudo bem, muita coisa de fato impressionou. As tiradas do computador Frank, sempre bem sacadas; o tema "Cérebro Eletrônico", cantada por Myllena; os vilões de HQ vividos por Guilherme Werber e Grazzi Massafera dão conta do recado; o astrônomo aluado Portinho (Felipe Camargo) rende muitas risadas. Mas...


O que não falta em Tempos Modernos são clichês. Clichês dos mais variados, dos mais grosseiros. Tudo bem, sabemos que uma novela não vive sem os elementos típicos do folhetim, mas pô! A ideia do incesto entre Nelinha e Zeca é mais velha que a minha avó! É mais velha, até, do que o meu país: Sófocles já a utilizava na Grécia Antiga... O bordão irritante de Leal (Antonio Fagundes) já me deu nos nervos. "Palavra de rei não volta atrás". Ah, Fagundes, senta lá. E aquela historinha de doença fingida (ou não fingida) tá cansando também.


Para quem se propõe moderna, Tempos Modernos está pra lá de arcaica. E pra quem se propõe cult, está caindo num populacho maior até que o de Caras & Bocas onde, pelo menos, a proposta era atingir mesmo o povão. E ainda tem Aguinaldo Silva, o supervisor que não supervisiona, quanto mais escreve. Será que ainda existe alguma chance?

Erotismo ou pornografia: os clássicos da história do cinema


"Menino, pára de ficar olhando essa pornografia!" Uma frase recorrentemente dita a muitos jovens que, do início da adolescência até (acredite) alguns anos mais tarde, na vida adulta. Poucos sabem, porém, que existe uma diferença básica - e essencial - entre pornografia e erotismo. Enquanto o primeiro tem como elemento exclusivo a prática do sexo - na maioria das vezes, mostrado de forma vulgar e explícita - o segundo, embora tenha o sexo como um de seus elementos principais, coloca-o em um contexto de romance, desejo, sedução. O erotismo, diferente da pornografia, foge da vulgaridade, e procura mostrar o sexo como algo bonito, plástico, poético em muitos casos.

Na história do cinema, muitos filmes e cenas ficaram famosas por seu conteúdo erótico. Os clássicos contemplam desde alguns de qualidade duvidosa, como a sequência francesa Emanuelle (1969-2004), cuja lasciva personagem-título foi eternizada na pele de Sylvia Kristel, até uma consagradíssima obra-cabeça do italiano Bernardo Bertolucci, O Último Tango em Paris (1972), onde Marlon Brando e Maria Schneider protagonizaram a famosa cena da manteiga.

No cinema brasileiro, as década de 60/70/80 foram famosas por driblar a censura e, no cinema experimental, testar inovações. E o erotismo não fico de fora. Na adaptação para o cinema da peça teatral de Nelson Rodrigues, Toda Nudez Será Castigada (1973), o diretor Arnaldo Jabour desnudou (literalmente) a hipocrisia da família brasileira, inclusive no referente ao sexo. O nu de Vera Fischer encantou o Brasil em filmes como Anjo Loiro(1973). Obviamente, nosso cinema também contou com filmes de conteúdo erótico (não pornográfico) e de gosto duvidoso, como Amor Estranho Amor (1982), também protagonizado por Vera, e com a participação nada comportada de Xuxa Meneghel, futuramente consagrada "rainha dos baixinhos".


O século XXI relativizou o conceito de erotismo e a classificação indicativa, claro, adaptou-se ao mundo contemporâneo, escandalizando-se bem menos com tais tipos de cenas e filmes. É necessário, porém, relembrar que tal conteúdo é sujeito à atenção dos veículos de comunicação transmissores, responsabilizados por possíveis abusos, como cenas de pedofilia. De mais a mais, a busca pela beleza na arte cinematográfica inclui vários elementos. E o sexo, indiscutivelmente, é um deles.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Bem vindos ao SuperCult!

Salve, salve, companheiros da net! Bem-vindos ao SuperCult, o blog onde você encontra de tudo. Antes de mais nada, cabe dizer que aqui não é o lugar onde se vá encontrar um conteúdo específico, bem definido e delimitado. Não, não... A ideia é diversificar. O autor (eu!) entrará constantemente para postar coisas que lhe estão ocorrendo no momento, sobre os mais diversos assuntos. Sejam eles televisão, cinema, música, história, geopolítica, indagações filosóficas, enfim...

O SuperCult é onde você encontrará da cozinha ao divã do analista. Do comentário sobre o capítulo de ontem da novela a uma notícia quente sobre a política nacional ou internacional, passando pelo último show ou lançamento musical (seja do Forró do Muido, Beyoncé ou uma releitura da ópera Aída). Do último barraco do BBB a aplicabilidade da ideia de um filósofo/sociológo/antropólogo ao caso. Isso e muito mais!

Aguardem as próximas postagens. Garanto que não vão se arrepender!