terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Os clichês da "novela cult"


A novela Tempos Modernos, anunciada ainda sob o título provisório de Bom Dia Frankstein, criou uma baita expectativa numa parcela do público que não aguentava mais ver o tom "populacho" de Caras & Bocas, bem como os diálogos acima do tom de Walcyr Carrasco. Este público, no qual me incluo, anseava pelo "cult" que a proposta de Bosco Brasil traria: um prédio inteligente, um computador com sentimentos, a liberdade vigiada, enfim... uma sátira ao 1984, incluindo elementos bem brasileiros.


E haja esperança, quando Caras & Bocas terminou marcando mais de 40 pontos no Ibope, pelo que viria a seguir. A decepção, porém, veio, ou imediatamente, ou em doses homeopáticas, jogando nos espectadores esperançosos uma pá de cal naquilo que imaginou-se uma das melhores coisas já produzidas em televisão. Tudo bem, muita coisa de fato impressionou. As tiradas do computador Frank, sempre bem sacadas; o tema "Cérebro Eletrônico", cantada por Myllena; os vilões de HQ vividos por Guilherme Werber e Grazzi Massafera dão conta do recado; o astrônomo aluado Portinho (Felipe Camargo) rende muitas risadas. Mas...


O que não falta em Tempos Modernos são clichês. Clichês dos mais variados, dos mais grosseiros. Tudo bem, sabemos que uma novela não vive sem os elementos típicos do folhetim, mas pô! A ideia do incesto entre Nelinha e Zeca é mais velha que a minha avó! É mais velha, até, do que o meu país: Sófocles já a utilizava na Grécia Antiga... O bordão irritante de Leal (Antonio Fagundes) já me deu nos nervos. "Palavra de rei não volta atrás". Ah, Fagundes, senta lá. E aquela historinha de doença fingida (ou não fingida) tá cansando também.


Para quem se propõe moderna, Tempos Modernos está pra lá de arcaica. E pra quem se propõe cult, está caindo num populacho maior até que o de Caras & Bocas onde, pelo menos, a proposta era atingir mesmo o povão. E ainda tem Aguinaldo Silva, o supervisor que não supervisiona, quanto mais escreve. Será que ainda existe alguma chance?

4 comentários:

  1. Onde eu assino? rs.

    Tempos Modernos é uma das maiores decepções de toda a minha vida, devo admitir. Embora, em alguns momentos, sinta que ainda existe uma esperança - como a belísima sequência de Jannis cantando Jannis - a coisa desandou de tal modo, que eu duvido muito que dê jeito de "remendar".

    É pena. Afinal, sou um dos que mais reza pela inovação. Mas a novela inovou demais. Tem cara de tudo... menos de novela.

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  2. Acho que Tempos Modernos se perdeu, tamanha a pretensão com a qual estreou. Dizia ser tudo, e acabou se transformando em nada. Não é novela, não é série, não é coisa nenhuma. É um emaranhado de boas idéias perdidas em meio a muitos clichês que não cabem em um texto que diz ser inovador.

    Ao menos, uma boa sacada nos últimos dias: Hélia (Eliane Giardini) rouba uma escova de Regeane (Vivianne Pasmanter), acreditando ser de Nelinha (Fernanda Vasconcellos, a mais apática de todas as protagonistas já vistas), e envia os cabelos que encontra na escova para um exame de DNA.

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  3. Tenho que adimitir que eu também esperava mais da novela, sempre gostei do estilo das novelas das 7:00 descaradamente voltadas para o humor, mas aí veio a proposta dessa novela: inovadora. Pensei que seria tudo diferente de tudo que já tinha visto, vi que estava errado vendo os mesmos clichês, bordões e toda a apelação de sempre.

    PS: Gosto da Trilha sonora.

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  4. Sempre gostei do estilo humoristico de novelas das 7:00 e Caras e Bocas foi uma das novelas que mais me deu prazer em assistir. Quando começaram a aparecer as chamadas de Tempos Modernos, parecia que seria uma novela diferente das demais, mas me enganei. Vejo ela forçar muito certas coisas, o torna ela, a meu ver, uma grande decepção.

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